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S&P mantém notação da dívida soberana de Portugal e perspetiva ‘estável’

Apesar de manter inalterada a avaliação que faz da economia portuguesa e da sua capacidade de honrar compromissos financeiros, a agência S&P deixou avisos para o futuro.
S&P 500
11 Setembro 2020, 21h22

A Standard & Poor’s (S&P) manteve esta sexta-feira a notação da dívida soberana portuguesa em ‘BBB’ com uma perspetiva ‘estável’. A agência de avaliação de crédito optou por não alterar a sua avaliação da capacidade de financiamento portuguesa, mas deixou avisos numa nota de publicação.

A agência norte-americana manifestou a sua preocupação com o impacto da pandemia na pequena economia aberta portuguesa, que, estima, contrairá 10% no próximo ano, antes de recuperar 6,2% em 2021. Também o défice deverá disparar, passando do excedente do último ano para 8,4% em 2020.

No entanto, a manutenção da avaliação em ‘BBB’ da dívida portuguesa leva em conta o programa de recuperação europeia, que, acredita a agência, permitirá ao país “contrabalançar o choque, que se espera de um ou dois anos, às suas finanças públicas devido à emergência pública de saúde global”, lê-se na nota.

A S&P alerta ainda para as consequências da queda do turismo, uma das indústrias principais do país, e para as desigualdades no mercado laboral que resultam numa proporção elevada de trabalhadores em contratos temporários. Ainda assim, a agência acredita que a economia nacional beneficiou de uma trajetória de crescimento e consolidação orçamental nos últimos anos, além de elogiar o programa de layoff simplificado que, defende, permitiu conservar postos de trabalho, apesar de representar um risco à mobilidade laboral.

Perspetiva da economia portuguesa já havia sido cortada em abril

A última atualização da agência norte-americana relativamente à dívida portuguesa havia sido, então, em abril de 2020, quando o ‘outlook’ da economia nacional foi revisto em baixa de ‘positivo’ para ‘estável’.

Na altura, a S&P considerou o impacto na “pequena economia aberta de Portugal” da expectável “severa e sincronizada recessão global” para justificar a revisão em baixa, apesar de sublinhar o sucesso das autoridades nacionais em controlar a fase inicial da pandemia. As estimativas de abril apontavam para um défice de 5% e uma queda de 7,7% no produto português.

A S&P salientava ainda que, apesar da expetativa de retoma do crescimento em 2021, o turismo, uma das principais áreas de atividade em Portugal, deveria demorar mais do que um ano a recuperar. A performance portuguesa estaria, assim, bastante dependente da evolução da pandemia, que condicionou largamente outro dos motores da economia, nomeadamente as exportações, que vinham de uma trajetória de crescimento de vários anos.

Também a falta de capacidade de resposta centralizada da União Europeia em termos orçamentais e de diversificação do risco entre estados-membro preocupava a agência de notação. Recorde-se que, entretanto, foi alcançado o acordo para o pacote de recuperação económica europeu.

Já em 2020, a Moody’s também havia mantido a sua avaliação da dívida portuguesa em ‘Baa3’, com uma perspetiva ‘positiva’. A Fitch deliberou, em abril, que o cenário económico português exigia uma revisão não agendada da perspetiva nacional de ‘positiva’ para ‘estável’, enquanto que a DBRS manteve o rating ‘BBB’, considerado alto, com uma perspetiva ‘estável’.

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