A Standard & Poor’s melhorou o “outlook” (perspetiva) do Banco Comercial Português de estável para positivo, devido à melhoria da rentabilidade doméstica, o que abre caminho para uma revisão em alta do rating.
A agência reafirmou o rating de emissor de longo prazo em ‘BB/B’.
O BCP “está a melhorar a sua rentabilidade doméstica e a reduzir gradualmente o seu stock ainda elevado de ativos problemáticos, ao mesmo tempo que preserva melhor que os seus pares os níveis de eficiência e a diversificação da receita”, sustenta a agência de rating.
“Reconhecemos que o BCP poderá sofrer alguns reveses na sua carteira de hipotecas em moeda estrangeira na Polónia, mas prevemos que o impacto será no geral contido”, refere a S&P.
“A perspectiva positiva reflete a possibilidade de atualização do rating nos próximos 12 a 18 meses, se o BCP continuar a melhorar a sua rentabilidade ao mesmo que defende a sua sólida marca em Portugal, onde detém quotas de mercado de cerca de 17,5% em empréstimos e depósitos”, argumenta a S&P.
Ao mesmo tempo, “reafirmamos os nossos resolution counterparty ratings (RCR) de longo e curto prazo em ‘BBB- e A-3’ no BCP, bem como todos os outros ratings do banco”.
O RCR é o rating de contraparte de resolução que sendo ‘BBB’ indica boa capacidade creditícia em relação aos passivos utilizáveis em resolução.
A ação de classificação “reflete a nossa crença de que o BCP está gradualmente a melhorar os seus lucros na atividade doméstica enquanto avança na limpeza do seu balanço e preserva o seu rácio de capital”.
Apesar do abrandamento económico na Europa e dos juros baixos por mais tempo, prevemos que os retornos do BCP em Portugal crescerão devido ao facto de as perdas com a carteira de crédito estarem a cair.
Desde 2017, o BCP conseguiu tornar suas operações domésticas rentáveis novamente, constata a agência. O banco registou lucro líquido doméstico de 73 milhões de euros no primeiro semestre de 2019, que compara com as perdas de mais de 800 milhões em 2013.
A melhoria foi impulsionada por um custo mais baixo de risco (embora ainda seja alto), bem como pela diversificação da receita do BCP, que é melhor do que a de seus pares (as comissões representaram 30% da receita operacional no primeiro semestre de 2019, que compara com uma média de 26% nos pares no final de 2018). Além disso, o BCP permanece mais eficiente do que seus concorrentes nacionais e internacionais, tendo passado por uma significativa reestruturação desde 2011.
No final de junho de 2019, o seu cost-to-income era de 47%,que compara com uma média de 58% no sistem no final de 2018.
“Prevemos que o rácio de eficiência do BCP se deteriore levemente para cerca de 49% este ano e no próximo, devido a uma subida dos custos operacionais e uma pressão nas receitas”.
Dito isso, “esses números comparam favoravelmente com os de seus pares, para o qual prevemos uma taxa média de 60% de cost-to-income. Além disso, e ao contrário de seus pares domésticos mais próximos, focados em Portugal, o BCP beneficia da diversificação adicionada pelas suas operações internacionais. Tais operações, e particularmente a Polónia, têm suportado a rentabilidade do grupo nos últimos anos”, diz a S&P.
Além disso, “esperamos que a capitalização do BCP continue a crescer, com o seu rácio de Risk-Adjusted Capital a ficar em torno de 6,25% – 6,75% no final de 2020, o que compara com 5,5% no final de 2018. A melhoria será impulsionada por mais retenção de lucros e pela emissão de dívida AT1 (Additional Tier 1) no montante de 400 milhões feita em janeiro de 2019”.
A S&P alerta no entanto que a qualidade de capital do BCP permanece limitada pela grande proporção de ativos por impostos diferidos (DTA) no rácio de capital total ajustado, que são altos em termos absolutos e relativos. A proporção de DTA é alta quer em termos absolutos, quer em termos relativos, diz a S&P.
Ao mesmo tempo, “prevemos que o BCP continuará focado na redução do seu stock de exposições não produtivas (NPEs), para alcançar um rácio de NPE de cerca de 6% até o final de 2020”, dizem.
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