Era uma vez um homem que ficou conhecido por causa da sua imaginação, o seu super poder que ficou impresso para a eternidade nas páginas das bandas desenhadas que, durante décadas, deliciaram ziliões de leitores.
Ainda em vida, Stan Lee viu a sua obra extravasá-lo e não foi preciso ter morrido aos 95 anos, no passado dia 12, para que o universo da Marvel ganhasse um lugar para a eternidade.
À semelhança de Peter Parker ou de Natasha Romanova, que vestiam a pele do Homem Aranha ou da Viúva Negra quando lutavam contra o Mal, o nova-iorquino Stanley Martin Lieber assinava Stan Lee quando dava vida aos ‘mil e um’ super-heróis.
Entre os anos de 1960 e 1970, Stan Lee criou e escreveu uma panóplia de histórias de super-hérois que catapultaram a Marvel para a maior produtora de bandas desenhadas do mundo, relegando a DC Comics, casa do Batman e do Super Homem, para segundo plano.
Começou como tintureiro aos 17 anos na Timely Comics, em Nova Iorque, que se tornou na Marvel, duas décadas mais tarde. Pouco depois, para fazer face ao sucesso comercial da DC Comics, começou a escrever pequenas histórias de detetives e de super-heróis. Quando morreu, o universo da Marvel, atestando o sucesso do criador dos seus super-heróis, tinha já levado para a sétima arte os feitos heróicos de Stan Lee com vendas de bilheteira a atingir os 17 mil milhões de dólares (cerca de 15 mil milhões de euros).
Stan Lee disse chegou a dizer que não tinha inspiração. “Só tenho ideias e prazos”, explicou. Mas isso não significava que não encontrava na realidade as referências para os seus personagens.
Peter Parker era um geek, vítima de bullying e que viu o amor da sua vida, Mary Jane Watson, morrer dentro de um tanque de ácido, depois de o Homem Aranha ser incapaz de a salvar, num combate com um dos seus rivais, Kingpin (série ‘O Fantástico Homem Aranha’). Ou o Demolidor, que nasceu quando Matt Murdock ficou cego ao salvar um homem de um atropelamento certo, cuja mercadoria era uma substância radioativa e que lhe deu sentidos apurados além da capacidade humana.
Nas suas maiores criações, a ciência desempenhou um papel crucial. O Doutor Destino, o vilão que enfrenta o Quarteto Fantástico, é um cientista que utiliza o seu super-intelecto para o Mal. Ou o multimilionário Tony Stark, que utiliza os seus conhecimentos científicos para criar uma armadura voadora e quase indistrutível, o Homem de Ferro.
Foi o seu respeito pela ciência que o ajudou a imaginar a sua primeira grande criação em 1961: todos os membros do Quarteto Fantástico foram expostos a uma tempestade raios cósmicos durante o voo experiemental do foguetão de Reed Richards, que se tornou no Senhor Elástico. A sua mulher, Susan Storm, ficou a Mulher Invisível, enquanto o seu cunhado, tornou-se no Tocha Humana. Ben Grimm, adquiriu uma força incrível ao ver o seu corpo transformado numa rocha, ficou conhecido como o Coisa.
Antes de Stan Lee e antes do Quarteto Fantástico, os super-heróis triunfavam graças à força. Com Lee, os super-heróis ganharam intelecto. Com a popularidade do Incrível Hulk, Thor e companhia, Lee percebeu que podia relacionar os seus personagens em várias histórias e sequelas, criando o maior universo partilhado de super-heróis e obrigando os fãs a comprar diferentes séries para perderem pitada das histórias.
O autor percebeu que a banda desenhada não era apenas um mercado, mas uma comunidade, composta por uma legião de ávidos leitores e, por isso, tinha por hábito tentar responder a todas as cartas dos seus fãs. “Não sinto a necessidade de me reformar desde que esteja a divertir-me”, disse Stan Lee. A sua filha, depois da morte do seu pai, revelou que ambos estavam a trabalhar na criação de Dirt Man que, para os fãs da Marvel, será a última figura de Stan Lee a juntar-se a uma galeria imortal.
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