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Startup Ophiomics revoluciona avaliação dos transplantes de fígado

A empresa de biotecnologia venceu a semifinal da 19ª edição dos prémios anuais da consultora Everis com a solução HepatoPredict, tendo recebido 17 mil euros e garantido o passaporte para a final internacional. “Levar projetos de saúde para o mercado implica muitos milhões de euros”, refere o CEO ao Jornal Económico.
28 Setembro 2020, 07h45

A startup Ophiomics foi a vencedora da semifinal da 19ª edição dos prémios anuais da consultora Everis em Portugal, tendo recebido 17 mil euros e garantido o passaporte para a grande final internacional, na qual pode ganhar 70 mil euros.

A empresa de biotecnologia desenvolveu uma solução de healthtech chamada “HepatoPredict”, um dispositivo médico que, através de inteligência artificial, consegue avaliar mais rapidamente se um doente oncológico dever ou não ser transplantando, sem remissiva da patologia. Na prática, é um teste laboratorial em que é feito uma biópsia ao tumor e que permite à equipa de médicos escolher a terapia adequada para o doente.

O cofundador e CEO disse ao Jornal Económico (JE) que se encontra em negociações avançadas para um financiamento “grande, de milhões de euros” com investidores privados. “Levar projetos de saúde para o mercado implica muitos milhões de euros, portanto vamos fazer várias rondas de investimento à medida que vamos dando passos que retiram risco ao projeto”, afirmou José Leal.

A Ophiomics nasceu em 2015 tem hoje oito colaboradores e irá, com parte deste montante recebido, contratar um business developer, um colaborador que lhes permita começar a fazer o desenvolvimento comercial do negócio.

Em termos de parceiros conta com o Hospital Curry Cabral, com quem irá em breve fazer um ensaio clínico  prospetivo, e o grupo Germano de Sousa – aliás, José Germano de Sousa faz parte do conselho de administração – mas há planos de expansão e expectativas de que o conhecimento e contactos da Everis tenham um papel também neste sentido.

“Ainda não começámos a tratar, mas vamos ter necessidade de estabelecer um conjunto de parcerias no apoio à fabricação do kit de diagnóstico que estamos a produzir, deployment [implementação de software], a disponibilização do interface ao médico, toda a componente digital”, explicou José Leal ao JE.

Em novembro de 2019, a startup cofundada também por Joana Vaz venceu o acelerador EIC, um instrumento de apoio a inovadores europeus que lhe deu acesso a uma subvenção e financiamento do Banco Europeu de Investimento. Porém, o diretor executivo da Ophiomics refere que este mundo dos concursos internacionais de empreendedorismo é uma aposta recente. Assim, esta é a segunda inscrição em programas e a segunda vitória.

“Esta empresa foi criada com um modelo de negócio completamente diferente: serviços de diagnóstico muito especializados. Fomos fazendo investigação em paralelo e, discretamente, fomos construindo isto e, há dois anos, pensámos que tínhamos de escolher uma coisa ou outra e no ano passado redefinimos a sociedade, avançando para este novo projeto. Só aí é que começámos a dar a cara”, conta José Leal.

Em que consiste a HepatoPredict?

Dispositivo médico (IVD – in vitro diagnostics) que permite avaliar o nível de sucesso de um transplante hepático em pacientes com cancro do fígado. Integra biomarcadores genómicos e um algoritmo desenvolvido com base em machine learning, que permite, depois de uma biopsia, identificar com mais rapidez e precisão os pacientes elegíveis para transplante de fígado, com uma taxa de cura assegurada, e aqueles que deverão beneficiar de terapêuticas alternativas.

O teste mede um conjunto de variáveis na biópsia ao tumor e dá informações aos médicos, do género: «Este doente vai beneficiar, com uma grande probabilidade, de um transplante hepático, vai ficar curado e portanto justifica-se porque vai ter uma vida longa e saudável» ou «Não se justifica porque mesmo que se ponha um fígado a esta pessoa vai voltar a desenvolver o cancro» – José Leal

Ophiomics está agora adaptar o HepatoPredict para outras abordagens cirúrgicas ao cancro do fígado, que apresentará “em breve”.

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