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Steve Bannon na Europa para impulsionar populismo da extrema-direita

O ex-conselheiro de Donald Trump – que acabou por ser despedido – está na Europa para impulsionar o movimento nacional-populista. Itália, Suíça e França foram as suas primeiras paragens.
12 Março 2018, 07h10

12Steve Bannon, antigo conselheiro do presidente norte-americano Donald Trump – cujo nome esteve envolvido em diversas polémicas ao longo dos primeiros meses de mandato e antes de ser convidado a abandonar a Casa Branca – está na Europa. Os três países que visitou em primeiro lugar foram a Itália – onde desde há uma semana a extrema-direita está em alta, depois de a Liga Norte (ou Lega) ter ficado em segundo lugar nas eleições – a Suíça e a França, onde a Frente Nacional passou este fim-de-semana em congresso.

E, apesar de, em pleno congresso do partido francês, ter dito que “não vim aqui para ensinar nada, mas para observar e aprender”, Bannon não esconde que está interessado em promover uma espécie de ligação supranacional entre todos os movimentos europeus que se inscrevem no livro de honra da extrema-direita.

No congresso da Frente Nacional, Bannon afirmou que “vocês não estão sozinhos”, e que “a história está do nosso lado”, para gáudio dos congressistas. A simples presença do ideólogo da ascensão de Trump à Casa Branca na Europa faz crescer um dos medos dos partidos do centro do espectro político atual – e da Comissão Europeia: a evidência de que a extrema-direita tem na criação de uma força supranacional um dos seus elementos-chave.

Força essa que poderá aumentar ainda mais as suas expectativas de se transformar numa linha essencial dos governos da União Europeia. Os bons resultados da extrema-direita na Itália, França, Alemanha, Áustria, República Checa, Polónia, Holanda e Hungria, entre outros, disso mesmo dá nota. E Bannon nunca escondeu que estava interessado nessa luta.

Apesar disso, a cartilha de Bannon não contempla a questão da extrema-direita. Para o antigo conselheiro de Trump, o mundo divide-se atualmente entre nacionalistas e globalistas – com tudo o que isso quer dizer, nomeadamente em termos de políticas de imigração e de refugiados, livre comércio, livre circulação de capitais, livre circulação de pessoas, etc..

Outra das caraterísticas dessa cartilha – que não podia estar mais bem explicitada pela atuação do Movimento 5 Estrelas, que ganhou as eleições italianas de há uma semana atrás – é a da verborreia anti-elites e anti-instituições. Que, de algum modo, foram a chave do sucesso de Trump.

Na Suíça, Bannon, que participou numa espécie de comício onde usou da palavra perante uma multidão “entusiasta”, segundo a revista “Time”, foi encontrar-se com Roger Köppel, um deputado do Partido Popular da Suíça, o mais de extrema-direita do país.

Os movimentos nacionalistas e de extrema-direita europeus são na sua maioria muito anteriores às movimentações que levaram Trump ao poder e a facilidade com que cada um deles ultrapassa as fronteiras do país onde atua para estabelecer uma ligação em rede com os seus semelhantes constitui um dos maiores receios da nomenclatura que dirige a União Europeia – dado o elevado grau de potenciais estragos que a presença da extrema-direita antieuropeia no poder poderia acarretar.

Bannon nunca escondeu, por outro lado, o seu gosto por impulsionar as suas ideias e o facto de, pelo menos para já, a sua carreira nos Estados Unidos estão praticamente bloqueada pode levar o ex-assessor de Trump a decidir encarregar-se de contribuir para formar e cimentar essa rede transnacional de extrema-direita.

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