A gestão dos riscos climáticos e sociais é agora parte integrante do negócio dos bancos, considera a nova diretora do Departamento de Sustentabilidade do Crédito Agrícola. É uma realidade que obriga os bancos a readaptarem os seus modelos de negócio com vista a responderem às necessidades dos seus clientes. E que, além disso, traz oportunidades de crescimento para os bancos, considera Filipa Saldanha.
“É num contexto de incerteza constante, mas também de urgência, que a gestão de riscos climáticos e sociais passou a integrar a equação do negócio bancário, multiplicando a rapidez e complexidade das decisões a tomar, mas elevando também o propósito do sistema financeiro”, defende a responsável, que iniciou funções no Crédito Agrícola no mês passado, vinda da Fundação Gulbenkian, onde era responsável pelos projetos da instituição na área da sustentabilidade.
O sector financeiro tem, “indubitavelmente, um papel ímpar na transição desejável”, defende Filipa Saldanha. Ao influenciar directamente as apostas dos agentes económicos, a banca tem a “capacidade e o dever de reorientar recursos financeiros para uma economia mais verde e inclusiva”, elevando o capital para níveis capazes de assegurar uma transição energética e climática justa, sublinha a responsável do Crédito Agrícola.
“E é neste propósito que assenta o sentido de comunidade, inclusão e sustentabilidade, no qual o caminho para o sucesso depende de um olhar atento sobre os factores de vulnerabilidade da sociedade portuguesa e sobre as tendências que possam representar oportunidades de negócio promissoras”, diz.
Para tal, o Crédito Agrícola aposta em instrumentos como soluções financeiras – microcréditos, linhas de crédito ou obrigações – que permitam responder aos desafios da sociedade e fomentar o crescimento sustentável. Aposta ainda no investimento em capital de risco em áreas como energias limpas, agritech e economia social, para além de internamente haver uma preocupação crescente com a diversidade e a inclusão como formas de incentivar a meritocracia, entre outras iniciativas, garante.
Banco cooperativo tem “potencial diferenciador” na área da sustentabilidade
Filipa Saldanha defende que o Crédito Agrícola – que além da Caixa Central conta com 72 Caixas regionais associadas -, pela sua natureza de cooperativa e presença em localidades em todo o território nacional está particularmente bem apetrechado para desempenhar um papel crucial nesta área.
“O Grupo Crédito Agrícola, movido por valores cooperativos, tem no seu ADN o potencial diferenciador de estabelecer relações de confiança e proximidade com as comunidades locais”, afirma, notando que pode envolvê-las na identificação dos desafios de cada região, sejam estes “agudizados por dinâmicas demográficas, como o envelhecimento da população, ou socioeconómicas como a pobreza energética ou as desigualdades de rendimentos”.
“Tem igualmente a oportunidade de identificar motores de crescimento sustentável, nos quais não deixará de destacar o valor do talento, da tecnologia e do capital natural existente em Portugal”, acrescenta.
Licenciada em Economia pela Texas A&M University Corpus Christi, Filipa Saldanha iniciou a sua carreira no Harte Research Institute, participando em projetos ligados à área ambiental. Antes de ingressar no Crédito Agrícola, passou pela Fundação Calouste Gulbenkian como diretora-adjunta do Programa Gulbenkian Desenvolvimento Sustentável.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com