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Etiqueta: mediatismo

A opacidade de poder nos governos

Os governos são, cada vez mais, labirintos obscuros e nebulosos, onde os corredores de poder são ocupados por figuras sem expressão mediática. Contudo, são figuras com bastante relevância política na articulação de interesses e na concentração de poder, sem necessitarem de um crivo eleitoral, que gravitam dentro da máquina governativa e estão livres de qualquer tipo de fiscalização política dos órgãos de controlo político – enquanto os ministros são os rostos visíveis da acção governativa, mas o alcance efectivo do poder destes é impossível de mensurar – acabando, por vezes, por ser um poder...

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Inquéritos, mega-processos e direitos fundamentais

São frequentes, na imprensa e nas redes sociais, os debates sobre inquéritos e processos organizados pelo Ministério Público que visam o mundo da política, dos negócios e do futebol, e as suas interligações. Compete ao Ministério Público investigar situações em que existam indícios da prática, por parte de dirigentes políticos, empresariais ou desportivos, de crimes ou infracções mais ou menos graves, comummente englobadas na designação genérica de “corrupção” e, se concluir que essas actuações são legalmente puníveis, proceder à respetiva acusação em Tribunal. E compete aos Tribunais julgar...

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Pandemias que parecem não ter acontecido

Há uns anos atrás descobri, graças a Oliver Sacks, a existência de uma pandemia da qual nunca ouvira falar: a encephalitis lethargica ou, mais comummente, “doença do sono”, que terá afetado cerca de cinco milhões de pessoas ao longo de uma década, de 1916-17 a 1927. Trata-se de uma doença estranhíssima. Deixava os pacientes num estado de coma profundo, ou em estados de insónia tão intensos que tornava impossível sedá-los. Para além disso, podia provocar nos pacientes que sobreviviam, dependendo dos casos, um conjunto de sintomas muito diversos, incluindo perturbações no sono, sexualidade, afetos,...

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Romper o círculo vicioso da intensiva “retórica”

Não escondo a minha perplexidade pela série de “casos” protagonizados em nove meses por este Governo de maioria absoluta, denunciando no mínimo uma falta de rigor e de coordenação política que rapidamente poderia transformar-se num indicador de efetiva descredibilização política… Confesso também, não a perplexidade mas sim um certo cansaço pela exploração intensiva destes casos por parte dos partidos da oposição (embora as compreenda pois que estão no seu papel enquadrado nas estratégias de desgaste do Governo) mas sobretudo por uma invasão “efusiva” de alguns comentadores “generalistas” os...

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Esmolas e promiscuidade política

Poderá parecer absurdo afirmar que os portugueses têm uma atitude complacente em relação à promiscuidade dos seus representantes políticos, tendo em conta que os casos identificados costumam ter uma cobertura mediática generosa (de que é agora exemplo Miguel Alves) e a opinião pública manifesta a sua indignação durante algum tempo. Contudo, os pequenos desabafos de indignação estão longe de significar forte consciência cívica ou desconforto ético da população. Casos gravíssimos de corrupção endémica que resultam da prolongada partidarização do país só são assunto enquanto são a notícia do dia,...

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O Populismo e o riso de Deus

“Assim o povo, que tem sempre melhor gosto e mais puro do que essa escuma descorada que anda ao de cima das populações, e que se chama a si mesma por excelência a Sociedade”, Almeida Garrett, “Viagens na Minha Terra”, 1846 Não é possível entender o populismo sem entender a soberania popular. Ou seja, a história do populismo está intimamente ligada à história da soberania popular e à ideia de que a soberania pertence ao povo. Ideia logo contestada a seguir à Revolução Francesa pelo pensamento reaccionário. Joseph de Maistre no seu “Estudos sobre Soberania” sabe bem quem acusar: “Foram vocês [os...

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