Portugal continua a atrair investimento estrangeiro e o talento português é o principal fator de atração. Quem o diz é Miguel Farinha, Strategy and Transactions Leader da EY Portugal, responsável pelo estudo que analisou o investimento direto estrangeiro realizado no país.
Em conversa com o Jornal Económico, o partner da EY garante que os investidores, quando questionados para o EY Attractiveness Survey, apontaram diversas razões para aumentar o seu investimento em Portugal, destacando-se a qualidade de vida, clima social e político estável e também o talento que encontram.
“A qualidade do talento é um termo muito referido pelos investidores, reconhecendo que Portugal tem disponível muito talento e muita qualidade nesse talento”, conta-nos Miguel Farinha.
No entanto, o líder em estratégia e transações da EY admite que um dos temas que deveria ser mais trabalho é o “desenvolvimento das competências digitais desse mesmo talento”. “Ou seja, produzir cada vez mais pessoas com competências digitais e tecnologias é importante para continuar a suportar o crescimento” do investimento.
O último relatório da EY sustenta que Portugal atraiu 248 projetos de investimento direto estrangeiro no ano passado, mais 24% que em 2021. Os serviços de Software e Tecnologia de Informação (TI) foram as áreas que reuniram o maior investimento.
Portugal atraiu 248 projetos de investimento direto estrangeiro no ano passado
Este é um novo recorde e levou a que Portugal subisse no ranking. “Notámos um crescimento contínuo de Portugal. Nos últimos seis anos passámos de 12º para sexta. Há dois anos estávamos no oitavo lugar e agora estamos em sexto”.
Nas palavras de Miguel Farinha, a perceção dos investidores estrangeiros sobre o clima de investimento e a confiança que têm nos países tem vindo a aumentar, especialmente quando o tópico é Portugal. “As intenções de investimento têm estado a aumentar consecutivamente nos últimos anos e estão cada vez mais altas”.
Cerca de “72% dos inquiridos manifestaram intenção de investir ou continuar a investir em PT nos próximos anos. Há cinco anos tinham 30% [de intenção]. Cada vez mais, Portugal está no radar dos investidores”.
Sobre o futuro, Miguel Farinha indica que as expectativas para o futuro são boas mas que não existem uma “bola mágica para ver o que vai acontecer”.
O partner da EY Portugal nota que se verificou um “arrefecimento do investimento em Portugal” no primeiro semestre devido à instabilidade sentida, nomeadamente da guerra, inflação e taxas de juro. No entanto, o decréscimo foi “quase exclusivamente do sector imobiliário”, que não é englobado no estudo da consultora.
Outro fator a que Portugal deve estar atento é a infraestrutura tecnológica. Miguel Farinha sustenta que o país tem uma “posição privilegiada” a nível de redes de internet e também infraestruturas de transporte e logísticas” mas que é sempre algo a ter em atenção.
Sobre o emprego, o responsável a EY Portugal diz que não existem dados mas que este investimento tem “um peso significativo na economia portuguesa”.
Mesmo questionado sobre o facto de muitas empresas contratarem nómadas digitais, Miguel Farinha diz que não há nada com que se preocupar.
“Empresas como a Natixis têm hoje milhares de pessoas em Portugal. O BNP Paribas, a Adidas, a Microsoft… Todas aquelas empresas trazem projetos de valor acrescentado para Portugal e daqui prestarem serviços para o resto do mundo”.
Miguel Farinha lembra que a indústria da manufatura era a que reunia maior investimento e que atualmente se encontra algures no top5. “As áreas tecnológicas têm crescido cada vez mais. Mais de 40% dos projetos são da área digital e tecnológica e a tendência é de crescimento acentuado”.
O partner da EY diz-nos que esta área dos serviços e de TI são hoje o principal fator de crescimento mas, simultaneamente, uma porta de entrada, dado que “permitem uma diversificação da economia e criar condições para as empresas portuguesas caminharem nesse sentido”.
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