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TAP com prejuízo de 57 milhões de euros nos primeiros três meses do ano (com áudio)

As receitas da companhia aérea portuguesa subiram para mais de 835 milhões até março, mas ainda assim o trimestre culminou num prejuízo de 57,4 milhões – uma evolução positiva face a 2022 e 2019. Custos operacionais aumentaram em 300 milhões de euros face ao período homólogo.
10 Maio 2023, 20h33

Atualizada às 20h53

A TAP teve prejuízos de 57,4 milhões nos primeiros três meses do ano, conforme informação comunicada pela empresa esta quarta-feira à noite à Comissão dos Mercados e Valores Mobiliários (CMVM).

O valor é menor do que o registado no mesmo período de 2022 e 2019, anos em que se registaram prejuízos de 121,6 milhões e 106,6 milhões, respetivamente.

Apesar de um “aumento significativo das receitas” para os 835,9 milhões de euros, assentes numa melhoria da utilização da capacidade da frota e um aumento do número de passageiros, o resultado líquido da empresa ficou no ‘vermelho’. Ainda assim, o comunicado oficial avalia o resultado como sendo “um sólido desempenho financeiro, apesar do aumento dos custos operacionais recorrentes”.

A transportadora assinala que foram superados os níveis do primeiro trimestre de 2019, ano de referência para o sector da aviação civil.

O EBITDA recorrente ficou, nos primeiros três meses do ano, nos 120,1 milhões de euros, com o EBIT recorrente a “melhorar substancialmente” face ao primeiro trimestre do ano passado, além de 2019.

Os prejuízos de quase 60 milhões no primeiro trimestre, diz a TAP, assinalam ainda assim uma melhoria face ao mesmo período de 2022 e 2019, sendo de destacar “uma posição de liquidez sólida de 855,8 milhões de euros, devido ao forte desempenho operacional”, refere a nota enviada esta tarde.

Nas palavras do recém-empossado presidente executivo da TAP, Luís Rodrigues, o primeiro trimestre deste ano “mostrou uma continuidade do crescimento da procura, fazendo com que a TAP transportasse, pela primeira vez num trimestre pós-crise, mais passageiros do que em 2019”.

“A TAP apresentou neste trimestre um forte desempenho operacional e financeiro, apesar do aumento dos custos e dos desafios operacionais”, sublinha o anterior líder da SATA, que veio substituir cumulativamente a ex-CEO e ex-chairman da TAP, Christine Ourmières-Widener e Manuel Beja, exonerados pelo Governo a 6 de março.

Recorde-se que a gestora demitida não apresentou os últimos resultados trimestrais e anuais da TAP, em que a empresa registou lucros de 65,6 milhões de euros.

O atual CEO diz que importa enfrentar os desafios “às portas do verão” e que esse “é o caminho no qual temos de nos concentrar, caminho esse que não se pode realizar sem o esforço e dedicação de todos os nossos colaboradores”.

Número de passageiros transportados aumentou 66,9%

As contas aos primeiros três meses do ano mostram que o número de passageiros transportados aumentou em 66,9% face ao mesmo período de 2022, e que superou até o primeiro trimestre de 2019. Quanto aos voos, a empresa diz ter operado 34,2% mais voos nestes últimos três meses do que no período homólogo.

As receitas operacionais aumentaram mais de 70% (345,2 milhões de euros) face ao ano anterior, atingindo os 835,9 milhões.

O maior contributo para este aumento veio do segmento de manuntenção, que é responsável pelo encaixe de 34,4 milhões de euros, fechando o primeiro tremestre com receitas superiores a 43 milhões. Já o segmento de carga está em quebra – mais concretamente de 24,6% – tendo diminuído as receitas em quase 16 milhões.

No que diz respeito aos custos operacionais recorrentes, a empresa contabiliza 846,1 milhões de euros, um aumento de mais de 300 milhões (57,5%) face ao período homólogo.

Este número, refere a transportadora portuguesa, reflete “um maior nível de atividade, verificado pelo aumento dos custos com combustíveis” e pelo “aumento dos custos operacionais de tráfego”, na ordem dos 144,8 milhões e 54,2 milhões de euros, respetivamente.

“O balanço apresenta uma forte posição de caixa e equivalentes de caixa de 855,8 milhões de euros a 31 de março de 2023, apesar da diminuição de 60,3 milhões de euros, quando comparado com 31 de dezembro de 2022, mantendo os níveis consistentes de liquidez”, refere a empresa na comunicação aos mercados.

A dívida financeira líquida da TAP aumentou 12,1% entre dezembro e o final de março, passando para 787,1 milhões.

A nível operacional, a companhia aérea que é agora alvo de uma comissão parlamentar de inquérito destaca a reabertura de dois destinos no final deste trimestre: Nápoles (Itália) e Porto Santos, ambos sazonais para a época de verão.

Durante o último trimestre, a TAP operou um total de 95 aeronaves, uma delas exclusiva de carga. A 31 de março de 2022, quase 70% (67%) da frota de médio e longo curso consistia em aeronaves Neo.

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