[weglot_switcher]

TAP. “Que estes resultados sejam o início de uma forma diferente de gerir a empresa”, diz economista João Duque

O economista alerta, contudo, que não é este volume de resultados que vai permitir à TAP ter sustentabilidade e deixa também elogios à CEO na hora da sua saída da companhia aérea. “Sai com uma coroa, que se não é de flores, anda lá perto”, refere.
21 Março 2023, 08h52

Cinco anos depois, e dois anos antes do que estava previsto pelo plano de reestruturação, a TAP voltou a apresentar lucros positivos, num total de 65,6 milhões de euros. Em declarações à SIC Notícias, o economista João Duque, espera que estes números possam representar uma mudança de paradigma na gestão da companhia aérea.

“O que se espera é que estes resultados sejam o início de uma forma diferente de gerir a empresa”, afirma, alertando, no entanto, que não é este volume de resultados que permite remunerar convenientemente o capital que está sob a gestão da TAP, nem para recuperar dos prejuízos anteriores.

“Se este ano conseguiram 65 milhões de euros de resultado, só pensando no anterior em que tiveram mais de 1,5 mil milhões de prejuízo, é preciso quase 20 anos para recuperar os acumulados. Não é este o volume de resultados que permite dar uma sustentabilidade a uma companhia que se pretende até privatizar. Não consigo vender uma companhia com um investimento da natureza que tem, para remunerar com resultados desta grandeza”, explica o economista.

O economista espera por isso que os dados apresentados esta terça-feira pela TAP sejam um ponto de partida, mas que não seja um ponto de chegada em termos de resultado.

“Ninguém conhece o plano de reestruturação e sem ele não podemos dizer se a companhia está acima ou abaixo daquilo que era expectável estar”, salienta.

Para João Duque a questão é saber quanto é que um investidor está disposto a pagar por uma empresa com os riscos, problemas e instabilidade social que tem a TAP, para ser remunerado com 60 milhões de euros por ano. “Quanto menos rentabilidade der a TAP, mais baixo será o preço de licitação que apareça no mercado”, realça.

Numa análise mais detalhada, o economista aponta que por um lado, as receitas cresceram bem mais do que os custos mas, no entanto, cresceram menos que os passageiros, ou seja, a relação do preço do passageiro médio baixou um pouco.

“Isto significa que em termos estratégicos a empresa muito provavelmente está a competir num segmento de mercado mais próximo das low-cost, do que as chamadas operadoras de bandeira, que tipicamente cobram mais o preço por passageiro transportado”, afirma.

João Duque deixa ainda elogios à CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, na hora da sua saída da companhia aérea.

“Pelo menos conseguiram fazer uma coisa que era difícil na história da TAP, que foi colocar a companhia a dar resultados positivos. É mesmo muito difícil a TAP ter um ano com resultados positivos. É claro que pode ainda ser mais positivo se este valor estiver bem acima do que é expectável do plano de reestruturação. A senhora sai com uma coroa, que se não é de flores, anda lá perto”, refere.

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.