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TAP. Ramiro Sequeira ouvido hoje no Parlamento (com áudio)

O ex-CEO e atual COO da transportadora portuguesa responde esta quarta-feira aos deputados da comissão de inquérito. Sequeira sucedeu interinamente a Antonoaldo Neves, no momento de renacionalização da TAP.
10 Maio 2023, 07h55

O atual COO (Chief of Operations) da TAP, Ramiro Sequeira, será ouvido esta quarta-feira na comissão parlamentar de inquérito. O executivo, que serviu enquanto CEO da companhia aérea durante a transição para a gestão pública, responde hoje aos deputados da comissão parlamentar sobre os detalhes da relação da administração da trasportadora com a tutela.

Sequeira sucedeu a Antonoaldo Neves, que esteve à frente da TAP de 2018 a 2020, e sempre soube que o cargo de CEO era temporário, já que o então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, se comprometeu a contratar uma empresa de recrutamento para escolher um presidente executivo para a companhia. Dessa busca resultou Christine Ourmières-Widener.

No momento da renacionalização da TAP, com o Governo a recomprar parte das ações de David Neeleman e a retomar o controlo acionista da empresa, com 72% das ações, Neves deixa a liderança.

Ainda esta terça-feira, o ex-acionista Humberto Pedrosa, que fez parte do consórcio Atlantic Gateway e da gestão privada da TAP, admitiu na mesma comissão parlamentar que o valor de 55 milhões com que Neeleman saiu resultou de “um acordo com o Estado, ou com o Governo, ou com o ministro das Infraestruturas”.

Já Antonoaldo Neves saiu sem indemnização, mas recebeu os salários devidos até ao fim do seu contrato (dezembro de 2020).

É nesse virar da gestão privada para a gestão pública, e em plena crise pandémica, que Ramiro Sequeira segura as rédeas da companhia temporariamente. O executivo estava na empresa apenas de 2018, vindo da IAG (Iberia e British Airways). Ainda assim, Sequeira foi parte ativa no desenho do plano de reestruturação, ainda hoje maioritariamente desconhecido.

A sua liderança da TAP, apesar de curta, ficou vincada por alguns pontos. Desde logo, traçou um plano estratégico de controlo de custos e melhoria da produtividade, nomeadamente no que dizia respeito às questões da pontualidade. Foi também forte crítico das obras na Portela que obrigaram ao encerramento do aeroporto durante a noite. Saiu em junho de 2021, quando Ourmières-Widener assumiu a liderança da TAP.

Neste aspeto, Sequeira saiu do cargo sem tumultos mediáticos, já que a posição sempre lhe foi atribuída a prazo. Antonoaldo Neves sai num momento de grande mudança para a TAP, mas também era uma baixa calculada. Até mesmo Fernando Pinto, que foi o gestor que esteve mais anos à frente da empresa (de 2000 até 2018), saiu de forma natural no momento da privatização – de tal forma que continou a prestar serviços de consultoria à TAP; um contrato de prestação de serviços que tem motivado algumas questões por parte dos partidos da oposição na CPI.

Já Widener sai em maus termos com a tutela, depois de ter sido despedida com alegada justa causa pelo ministro das Infraestruturas e pelo ministro das Finanças. João Galamba e Fernando Medina anunciaram a exoneração da CEO, e do presidente do Conselho de Administração da TAP, Manuel Beja, em direto numa conferência de imprensa a 6 de março.

Contudo, a justa causa ainda não estava encontrada no momento da exoneração. O Jornal Económico noticiou que a tutela, em particular as Finanças, pediram apoio jurídico para dar sequência ao despedimento. As reuniões em causa foram desmentidas pelo Ministério, mas mais tarde confirmadas pelo advogado Jorge Bleck – que também irá prestar factos à comissão parlamentar de inquérito.

Depois de Humberto Pedrosa e Ramiro Sequeira, na quinta-feira será a vez de ouvir Diogo Lacerda Machado na comissão de inquérito.

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