A TAP, S.A. apresentou um prejuízo de 1.230,3 milhões de euros em 2020, o que representa um agravamento de 1.134,6 milhões de euros face ao resultado líquido negativo obtido em 2019, que foi de -95,6 milhões de euros, revelam os resultados consolidados da transportadora aérea, enviados esta quinta-feira, 22 de abril, para a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Só no quarto trimestre de 2020, a TAP, S.A. apresentou um prejuízo de 529,6 milhões de euros, o que é 4,46 vezes superior ao prejuízo registado no terceiro trimestre de 2020, que foi de 118,7 milhões de euros, segundo dados da empresa. Comparando o prejuízo do quatro trimestre de 2020 com igual período de 2019, o desempenho trimestral da companhia aérea nacional deteriorou-se 544,8 milhões de euros em termos homólogos, segundo dados da TAP, S.A. enviados à CMVM.
Com impacto positivo nas contas da TAP, S.A. de 2020 a companhia refere a rubrica de diferenças de câmbio (162,1 milhões milhões de euros) relacionadas com a apreciação do euro face ao dólar (com forte impacto nas rendas futuras e não tendo, na sua maior parte, um efeito em caixa durante o ano), que mais do que compensou a penalização sofrida pela desvalorização do real brasileiro face ao euro. Com impacto negativo assinalam-se os custos de overhedge de Jet Fuel, no montante de 165,3 milhões de euros, em resultado da quebra de atividade sofrida pela pandemia de Covid-19.
Março marcou início da queda
Na atividade da TAP em 2020, o mês de março marcou o início da queda acentuada, porque antes disso, “nos primeiros dois meses de 2020, os principais indicadores operacionais mantiveram a tendência positiva observada no segundo semestre de 2019”, explica a transportadora aérea nacional na informação enviada à CMVM.
“Nos primeiros dois meses de 2020 os principais indicadores operacionais da TAP mantiveram a tendência positiva observada no segundo semestre de 2019, registando uma melhoria expressiva do número de passageiros transportados (mais 13,4% face ao período homólogo em 2019), da capacidade (medida em ASKs – Available Seat Kilometer) que aumentou 15% (YoY) e do aumento do load factor (que quantifica o aproveitamento da capacidade do avião em termos de oferta-procura) em 1,9 p.p. (YoY)”, adianta a TAP.
Na TAP, tal como em todo o sector da aviação, “a operação e resultados de 2020 foram severamente impactados pela quebra de atividade em resultado da pandemia de Covid-19, apesar da rápida reação da TAP”, comenta a companhia, na informação enviada à CMVM.
Quebra de 72,7% nos passageiros transportados
Ao nível dos “passageiros transportados, registou uma quebra de 72,7%”, indicador que vinha mantendo um crescimento consecutivo há quatro anos. As receitas de passagens da TAP caíram 70,9% em 2020, o que compara com uma queda do setor a nível global de cerca 69% (segundo dados da IATA).
O load factor (que quantifica o aproveitamente da capacidade do avião) de 64,6% em 2020, compara com 80,1% em 2019 (menos 15,4 p.p.). Durante 2020, os rendimentos operacionais totais da TAP atingiram 1.060,2 milhões de euros, o que traduz um decréscimo de 2.238,6 milhões de euros (menos 67,9%) face aos rendimentos operacionais de 2019, “diminuição que se ficou a dever sobretudo ao decréscimo dos rendimentos de passagens, em 2.065 milhões de euros (menos 70,9%) e da atividade de manutenção para terceiros, que registou um decréscimo de 143,4 milhões de euros (menos 67,9%) face ao período homólogo do ano anterior”, explica a TAP.
TAP Air Cargo com 125,7 milhões de euros positivos
Quanto à TAP Air Cargo, registou um decréscimo de 11,7 milhões de euros YoY (menos 8,5%), totalizando 125,7 milhões de euros de receitas em 2020, contra 137,4 milhões de euros em 2019. No entanto, observou-se um crescimento de 74% da receita de carga no quatro trimestre de 2020 face ao terceiro trimestre de 2020 – passou de 26,4 milhões de euros no terceiro trimestre de 2020, para 46 milhões de euros no quarto trimestre de 2020, segundo a demonstração de resultados consolidados da TAP, enviados à CMVM.
O Resultado Operacional (EBIT) da TAP registou uma diminuição de 1.011,9 milhões de euros YoY, passando de 47,2 milhões de euros positivos em 2019 para -964,8 milhões de euros em 2020. Quando ajustado de itens não recorrentes e custos de restruturação, o EBIT recorrente fixou-se nos -858,4 milhões de euros em 2020, contra 52,7 milões de euros em 2019 (uma queda de 911,1 milhões de euros de 2019 para 2020) e o EBITDA recorrente passa de 528,4 milhões de euros positivos em 2019 para -273,7 milhões de euros em 2020.
Gastos operacionais caíram 1,226,6 milhões de euros
Os gastos operacionais totais ascenderam a 2.024,9 milhões de euros no ano de 2020, um decréscimo de 1.226,6 milhões de euros (-37,7%) face ao ano anterior, maioritariamente explicado pela redução significativa dos custos variáveis indexados ao decréscimo da operação, em função da rápida decisão da empresa em ajustar a capacidade e das negociações havidas com fornecedores e lessors, assim como a redução dos custos com pessoal, que caíram 258,9 milhões de euros de 2019 para 2020, passando, respetivamente, de 678,6 milhões de euros, para 419,7 milhões de euros.
Tiveram impacto nos gastos operacionais a diminuição de custos com o pessoal (-258,9 milhões de euros YoY), também resultado da menor atividade da empresa e da redução do quadro de trabalhadores pela não renovação de contratos a termo, da aplicação da medida de layoff simplificado e, mais recentemente, da aplicação do regime de apoio extraordinário à retoma progressiva de atividade. Estas medidas foram aplicadas transversalmente em toda a empresa.
Custos com combustível baixaram 529,2 milhões de euros
Outro fator importante para a redução de gastos operacionais na TAP em 2020 foram a diminuição dos custos com combustível para aeronaves (-529,2 milhões de euros YoY) e a redução dos custos operacionais de tráfego (-456,6 milhões de euros YoY), em resultado da redução de atividade a partir de março de 2020. Os custos operacionais foram adicionalmente penalizados pelos custos não recorrentes com imparidades (44,1 milhões de euros) e pelos custos de reestruturação (96,1 milhões em 2020, quando tinham sido de 5 milhões de euros em 2019).
O aumento dos juros e gastos similares suportados em 60,4 milhões de euros YoY no ano (+32,6%), que ficou a dever-se em grande parte ao aumento da componente de juros associada aos leasings operacionais (passivos de locação sem opção de compra) e leasings financeiros (passivos de locação com opção de compra), bem como a um aumento do custo de financiamento, em virtude do já referido forte investimento efetuado na renovação da frota nos últimos anos e fruto do contexto económico sectorial.
Para “alcançar o melhor alinhamento com o atual momento do mercado e as perspetivas de retoma para os próximos anos, a TAP negociou já um acordo com a Airbus, que permitiu reduzir o CAPEX nos anos de 2020-22 em cerca de 1.000 milhões de dólares, que alterou os contratos de aquisição de aeronaves das famílias A320neo e A330neo”, refere a companhia aérea.
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