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Tarifas: indústria automóvel dos EUA já está a sentir efeitos negativos

As tarifas ainda não estão em vigor, mas a corrida »a ‘stocagem’ a preços ainda não inflacionados pela decisão de Donald Trump já está a exercer pressão negativa sobre os preços. A inflação vem a seguir.
12 Julho 2025, 18h35

A ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre as importações de cobre está a gerar alarme no setor automóvel doo país, pois pode tornar ainda mais difícil para construtores e fornecedores absorverem impostos de fronteira e custos crescentes, dizem executivos e especialistas do setor citados pela agência Reuters.

Os impostos por si só podem ser administráveis, mas os preços do metal vermelho essencial para a fabricação de automóveis, em especial componentes elétricos e motores para veículos elétricos, atingiram níveis recorde.

O mercado dos Estados Unidos depende muito de cobre, alumínio e aço importados, e desenvolver nova capacidade pode levar anos. Resultado: as indústrias que usam aqueles materiais lançaram-se numa verdadeira corrida para comprar aquelas matérias-primas, o que estimula aumentos de preços – principalmente porque o número de fornecedores é limitado.

Somados às tarifas de importação desses metais, bem como aos preços mais altos nos Estados Unidos, os custos extra estão a agravar a pressão financeira sobre construtores e fornecedores de peças. Até agora, os construtores têm contado com os stocks para evitar o aumento dos preços, mas podem ser forçadas a passar os crescentes custos dos impostos de importação aos consumidores.

Tarifa sobre o cobre complica uma situação já difícil” para a indústria automobilística, disse Daan de Jonge, analista-chefe na Benchmark Mineral Intelligence, citado pela Reuters. O anúncio das tarifas por Trump esta semana impulsionou os preços na plataforma americana COMEX para um recorde de 5,6820 dólares a libra, ou 12.526 a tonelada, um prémio de mais de 2.920 dólares em relação ao preço na Bolsa de Metais de Londres, atualmente em torno dos 9.600 dólares a tonelada, que o mercado usa como referência global. Ao mesmo tempo, o preço do alumínio triplicou desde a posse de Trump.

Após uma semana caótica no mercado de cobre, os fornecedores dos construtores já pediram aos seus clientes, esta semana, que paguem mais pelos produtos saídos para as fábricas porque não podem absorver os custos adicionais. Uma fonte de um grande fornecedor automóvel no mercado dos EUA disse, citado pela agência, que a empresa sentiu um impacto “significativo” nos preços elevados do cobre, alumínio e aço. Isso cria atritos comerciais e lacunas estruturais de custos, disse a mesma fonte. Ou seja, mesmo antes de qualquer tarifa entrar em vigor, a indústria transformadora já está a pagar mais pelos metais.

Como é do conhecimento de qualquer aprendiz de economista, a seguir vem a inflação – mas Trump, que devia saber isso, continua a assegurar que, depois de um pequeno período de acomodação, tudo finará muito melhor. Veremos.

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