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Tarifas: Universidade revê em baixa previsão para crescimento económico de Macau

O Centro de Estudos de Macau e o Departamento de Economia da UM preveem que o Produto Interno Bruto (PIB) do território suba 6,8%, menos 1,1 pontos percentuais do que na anterior previsão, feita em janeiro.
10 Abril 2025, 17h57

A Universidade de Macau (UM) reviu hoje em baixa a previsão para o crescimento económico da região, em parte devido ao potencial impacto na confiança dos turistas chineses das tarifas impostas pelos Estados Unidos.

O Centro de Estudos de Macau e o Departamento de Economia da UM preveem que o Produto Interno Bruto (PIB) do território suba 6,8%, menos 1,1 pontos percentuais do que na anterior previsão, feita em janeiro.

O coordenador do projeto e economista Kwan Fung disse que a revisão em baixa se deve ao declínio no consumo dos visitantes e às “tarifas norte-americanas sobre o mundo”, algo que “tem impacto indireto na economia de Macau”.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira uma suspensão de 90 dias daquilo a que chamou de “tarifas recíprocas”, incluindo uma tarifa-base de 10% para todos os países, exceto para a China, a que impôs tarifas totais de 125%.

Em declarações à imprensa antes da divulgação da nova previsão, Kwan disse que as tarifas vão “afetar o crescimento de todas as economias, especialmente o consumo dos turistas da China continental”.

O professor do Departamento de Economia da UM recordou que a economia da região semiautónoma chinesa depende “sobretudo do número de turistas do continente e do seu consumo”.

Nos primeiros dois meses de 2025, Macau recebeu 6,79 milhões de visitantes, o segundo valor mais elevado de sempre para um arranque de ano, sendo que a esmagadora maioria (91,3%) veio da China continental ou da vizinha cidade de Hong Kong.

No entanto, os turistas estão a gastar menos. De acordo com estimativas oficiais, as despesas dos visitantes caíram 6%, em termos anuais, no terceiro trimestre de 2024, e recuaram 0,2% no quarto trimestre.

O investigador do Centro de Estudos de Macau da UM Chan Chi Shing alertou que as tarifas terão um “enorme impacto na economia chinesa” e podem obrigar muitas fábricas e empresas a fechar portas, o que levaria menos pessoas a visitar a região.

Mas o presidente da Associação Económica de Macau, Joey Lao Chi Ngai, defendeu a previsão de um crescimento de 6,8% é “demasiado otimista” e que a economia local poderá mesmo não crescer em 2025.

Kwan Fung admitiu que é muito difícil fazer previsões, face às mudanças súbitas tomadas por Trump.

“Talvez não haja mais tarifas alfandegárias na próxima semana”, disse o académico.

O PIB de Macau cresceu 8,8% em 2024, sobretudo devido ao benefício económico das apostas feitas por visitantes em casinos.

A previsão da UM para este ano aponta para um aumento de 6,8% no benefício económico de todo o setor dos serviços, que inclui o turismo e o jogo, e uma subida de 3,8% no consumo privado.

Com a China – de longe o principal parceiro comercial de Macau – a cair em deflação (queda anual dos preços ao consumidor) em março, pelo segundo mês consecutivo, a universidade acredita que a taxa de inflação na região deverá manter-se baixa, em 0,7%.

Os especialistas da UM preveem que Macau termine 2025 com uma taxa de desemprego de 1,7%, muito perto do mínimo histórico de 1,6%, atingido entre novembro e janeiro.

O relatório prevê ainda que as receitas públicas atinjam 116,8 mil milhões de patacas (13,52 mil milhões de euros), mais 0,5% do que o previsto pelo Governo de Macau no orçamento para este ano.

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