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Taxa de desemprego sobe para 7% em junho. Taxa real é superior a 15%, mas há menos inativos

Taxa de desemprego subiu 1,1 pontos percentuais em junho face aos 5,9% registados em maio. A taxa de subutilização de trabalho fixou-se em 15,4%, mais 0,8 p.p. que no mês precedente, mas registou uma quebra no número de inativos.
  • Jason Reed/Reuters
29 Julho 2020, 11h13

A taxa de desemprego em Portugal inverteu a tendência de queda registada desde o início da pandemia e deu sinais de subida. Em junho, a taxa de desemprego aumentou para 7%, enquanto a taxa de subtilização do trabalho ascendeu aos 15,4%, apesar da queda do número de inativos, segundo os dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados esta quarta-feira.

A estimativa provisória da taxa de desemprego de junho fixou-se em 7%, superior em 1,1 p.p. aos 5,9% registados em maio e em 0,4 p.p. à de junho do ano passado. Em junho, a população desempregada registou, assim, um aumento de 21,2% (61,3 mil) em relação ao mês anterior, de 10,6% (33,7 mil) relativamente a três meses antes e de 3% (10,0 mil) por comparação com o período homólogo de 2019, explica o organismo de estatística.

“A evolução do mercado de trabalho continua a ser marcada pelo impacto da pandemia Covid-19. Entre fevereiro e maio (estimativa definitiva), assistiu-se a uma forte redução do emprego de 3,8%. No entanto, essa redução não foi acompanhada por um aumento na taxa de desemprego (definição OIT), tendo até diminuído nesse período 0,5 pontos percentuais (p.p.)”, refere o INE, no relatório.

Salienta que por outro lado, aumentou significativamente o número de inativos, com reflexo na taxa de subtilização do trabalho. É precisamente esta taxa que tem permitido fazer uma leitura mais aproximada do impacto da pandemia no mercado de trabalho, uma vez que integra a população desempregada, o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inativos à procura de emprego mas não disponíveis para trabalhar e os inativos disponíveis mas que não procuram emprego, que não são considerados para a contabilização da taxa de desemprego.

Segundo a estimativa provisória, a taxa de subutilização do trabalho de junho subiu para 15,4%, registando um aumento de 0,8 p.p. face ao mês anterior e de 2,4 p.p. por comparação com junho do ano passado. Ou seja, a subutilização do trabalho abrangeu 820 mil pessoas em junho, o que corresponde a um aumento de 6,2% (47,9 mil) em relação à estimativa de maio e de 17,4% (121,2 mil) em relação a junho do ano passado. No entanto, o fim do Estado de emergência e a menor restrição das medidas de confinamento ja teve reflexos nas estatísticas do mercado de trabalho.

“Para o aumento mensal da taxa de subutilização do trabalho neste mês, ao contrário do sucedido nos meses anteriores, contribuiu exclusivamente o aumento do número de desempregados e do subemprego de trabalhadores a tempo parcial, já que diminuiu o número dos inativos à procura de emprego mas não disponíveis para trabalhar e o de inativos disponíveis mas que não procuram emprego”, indica o INE.

O aumento mensal da população ativa (63,9 mil) resultou do “ligeiro acréscimo” da população empregada (2,6 mil) e do forte aumento da população desempregada (61,3 mil). Por outro lado, registou-se uma queda da população inativa (63,7mil), resultando a maior desta diminuição (35,1 mil) do decréscimo no número de inativos disponíveis mas que não procuram emprego, que o INE atribui ao “fim do estado de emergência e a declaração da situação de calamidade possibilitaram a reabertura de diversas atividades económicas, não existindo agora um dever de isolamento social tão restritivo quanto antes”.

“Tal terá possibilitado o começo do cumprimento dos critérios de procura ativa de emprego e de disponibilidade para começar a trabalhar, essenciais para a inclusão dos não empregados na população ativa enquanto desempregados”, realça.

“A possibilidade de cumprimento de ambos os critérios é já visível nos resultados provisórios de junho, onde se observa um forte aumento da população desempregada em relação aos três períodos de comparação (mês anterior, três meses antes e mês homólogo de 2019) e uma diminuição mensal da população inativa que apenas cumpre um dos critérios necessários à classificação de desemprego”, vinca.

(Atualizado às 11h32)

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