[weglot_switcher]

Táxis voadores, Microsoft, Tony Blair e robô Sophia: como foi o terceiro dia da Web Summit

A robô Sophia voltou a marcar presença esta quarta-feira na Web Summit. O terceiro dia do maior evento tecnológico do mundo também ficou marcado pela presença do presidente da Microsoft e do antigo primeiro-ministro britânico, Tony Blair.
  • Harry Murphy/Web Summit
6 Novembro 2019, 18h33

O anúncio do dia na Web Summit aconteceu ao final da tarde de quarta-feira quando a tecnológica Nokia anunciou a abertura de um centro de excelência em Portugal. Este anúncio representa a criação de 100 postos de trabalho pela companhia.

Microsoft: “Seremos a primeira geração da Humanidade que dará poder aos computadores para tomarem decisões até agora reservadas aos humanos”

Uma das figuras do terceiro dia da maior cimeira tecnológica mundial foi o presidente executivo de uma das maiores tecnológicas mundiais, a Microsoft. Brad Smith alertou os participantes da Web Summit para o facto de sermos “a primeira geração da Humanidade que dará poder aos computadores para tomarem decisões que até agora eram feitas por humanos”.

Para o advogado norte-americano, cuja intervenção “The promises and perils of the digital age” foi a primeira do dia no palco central da Altice Arena, a solução é “reconhecer que precisamos de uma nova abordagem às questões que a tecnologia coloca à sociedade”, tarefa que considera estar a cargo não só das grandes empresas mas também de todos quantos trabalham com tecnologia.

”Temos que perguntar o que os computadores devem fazer e não só o que podem fazer”, afirmou o presidente da Microsoft, para quem essa é uma pergunta fundamental cuja resposta não pode falhar, sendo necessário que todos se protejam das “consequências indesejada” do desenvolvimento tecnológico. Algo que implica também diálogo com governos, mas igualmente a percepção por parte das empresas que continuará a haver um “enorme potencial de lucro” mesmo que se tenha em conta o interesse público.

Tony Blair: “Estamos numa competição para ver quem é o político mais doido”

O homem que liderou os destinos do Reino Unido durante 10 anos voltou a subir ao palco da Web Summit esta quarta-feira. Na sua intervenção, o antigo primeiro-ministro britânico criticou o estado atual da política ocidental.

Para Tony Blair, “o populismo explora o pessimismo” e essa é uma das razões pelas quais o Reino Unido está hoje a lidar com populismo de direita e populismo de esquerda. “Quando as pessoas estão pessimistas olham para o lado à procura de alguém a quem culpar”, defendeu, salientando, no entanto, que a tecnologia oferece às pessoas “uma série de oportunidades” que nos permitem “olhar com mais otimismo para o futuro”.

“A política ocidental está num estado deprimente. Parece que estamos numa competição para ver quem é o político mais doido (…) Eu sou otimista porque olho para a revolução tecnológica”, sublinhou.

O antigo primeiro-ministro britânico considera que “o mundo está diferente” e que os governos precisam de ser “mais ativos” a acompanhar os avanços tecnológicos. “Temos atualmente a revolução tecnológica numa sala e a política noutra”, afirmou, considerando que a “tragédia do Brexit é uma distração que nos impede de lidar com grandes desafios”, como a revolução tecnológica.

Pai de Sophia antevê reconhecimento de direitos dos robôs logo que aumentem grau de autonomia

O fundador e CEO da SingularityNET, Ben Goertzel, prevê que alguns países possam vir a reconhecer direitos aos robôs “nos próximos cinco a 15 anos”, dependendo do grau de inteligência e de autonomia que essas máquinas dotadas de Inteligência Artificial venham a ter. O “pai” da robô Sophia apontou o exemplo de países que já demonstraram abertura para dar esse passo, como Malta e a Coreia do Sul, mas admitiu que a sua criação mais famosa, na altura em que trabalhava para a Hanson Robotics, ainda não se encontra no patamar que será necessário.

No debate “Should Robots Have Rights?”, que juntou o criador de robôs a Fouzia Adjailia, do departamento de Cibernética e Inteligência Artificial da Universidade do Kansas, e aos professores de Filosofia John Basl e Steve Peterson, Ben Goertzel apresentou como exemplo da dificuldade de atribuir determinados direitos a máquinas um cenário em que “quem imprimisse três milhões de robôs poderia depois dominar todas as eleições”.

Táxi voador pode estar a sobrevoar os céus de Lisboa em 2022

O Volocopter é um drone que tem a ambição de se tornar no primeiro táxi aéreo de todo o mundo. O objetivo é que este táxi esteja a voar nos céus de todo o mundo a partir de 2022.

Em entrevista ao Jornal Económico na Web Summit, o cofundador da Volocopter explica como é que nasceu este projeto. “Queremos fazer transporte público via aérea em grandes cidades. Isto não é um serviço para pessoas ricas. Nunca quisemos fazer um helicóptero melhor para pessoas ricas. Queremos que todas as pessoas que vivam numa cidade possam usar este serviço, que esteja ao seu alcance. Isto trata-se de democratizar o transporte aéreo para todas as pessoas”, segundo Alexander Zosel.

O Volocopter é um drone elétrico com capacidade para transportar duas pessoas, mais bagagem de mão. Pode ser comandado à distância ou a partir da própria aeronave. E a cereja no topo do bolo: é 100% elétrico, requisito essencial na mobilidade no século XXI. Atinge uma velocidade máxima de 110 quilómetros por hora, com uma autonomia de 35 quilómetros.

Em relação a preços, o responsável quer praticar preços acessíveis. “Uma viagem custaria mais do que um serviço de limousine, cerca de 60 euros. Em Berlim, por exemplo, uma viagem de cerca de 10 quilómetros de táxi custa 40 euros; a nossa viagem custaria 60 euros. Faz sentido quando existe trânsito”.

Em 2022, o táxi voador pode estar a sobrevoar os céus de Lisboa? “Talvez”, diz Alexander Zosel.

“Precisamos de uma Carta dos Direitos da internet”, diz congressista de Silicon Valley

Os Estados Unidos estão longe do paradigma europeu no que diz respeito à protecção da privacidade dos cidadãos na era da internet e da importância dos dados pessoais. O palco Future Societes, na Web Summit, colocou frente a frente dois gurus da inovação tecnológica – um congressista de Silicon Valley e o presidente da Microsoft – que abordaram o complexo desafio sobre como devolver confiança à internet depois dos escândalos que, recentemente, têm sido manchetes dos jornais – do Cambridge Analytica à Google poder ler os nossos emails, e claro, sem esquecer a forma como as redes sociais influenciaram as eleições nos EUA ou no Brasil.

Ro Khana, congressista norte-americano, advogado e representante da Silicon Valley apresentou uma solução que marcou a audiência. “Precisamos de uma Carta de Direitos da Internet nos Estados Unidos”, declarou o político. Com isto, o objetivo seria o de fomentar “uma em torno da privacidade e da concorrência e não simplesmente delegar o assunto para a Europa e para o RGPD”, explicou Ro Khana.

Lime: “Vão existir múltiplas formas de mobilidade urbana no futuro”

O fundador e presidente executivo da Lime, Brad Bao, passou na quarta-feira pela Web Summit, no palco AutoTech&Talkrobot, para antecipar o futuro da mobilidade. “Vão existir múltiplas formas de mobilidade urbana no futuro”, disse hoje.

Para Bao, no futuro a grande maioria dos transportes será partilhado, serão movidos a eletricidade e serão feitos à imagem e medida de cada utilizador. Mas para chegar a esse dia, o CEO da Lime atirou: “Mudar perceções é fundamental”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.