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“Temos uma clientela disposta a pagar preços altos por um produto que, muitas vezes, não existe”

Há cada vez mais clientes com muito poder de compra a querem comprar casa em Portugal e o segmento de luxo tem de acompanhar esta tendência, sob pena de desperdiçar a captação de investidores com grande potencial de impacto na economia nacional.
16 Julho 2024, 11h11

O dinamismo do mercado imobiliário português é para manter apesar de um primeiro semestre mais calmo, mas o país tem de fomentar a oferta, um dos principais entraves atuais, atacando também segmentos mais altos que permitam captar clientes com mais poder de compra que frequentemente procuram casas que não existem no mercado nacional. O turismo é um dos principais motores desta tendência, mas são necessárias medidas que dinamizem o sector.

No painel sobre ‘The Portuguese Real Estate Outlook’ da Advisory Summit, evento promovido pelo JE esta terça-feira, em Lisboa, vários especialistas do sector imobiliário alertaram para a falta de oferta em Portugal, sobretudo em segmentos mais altos, o que complica a atração de clientes com maior poder de compra. Dada a importância deste tipo de investidores para a economia nacional e o grande interesse internacional no nosso país, esta é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada.

“Portugal tem agora uma oportunidade fantástica: temos, pela primeira vez, um tipo de clientela a chegar disposta a pagar preços muito altos […] e que quer comprar um tipo de produto que, muitas vezes, não existe”, afirma José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties, urgindo o país a “apontar a segmentos mais altos”.

Um dos entraves, continuou, são as avaliações externas que “não percebem o segmento de luxo”. Para estes profissionais, “investir 7 ou 8 mil euros por m2 em acabamentos não faz sentido”, algo que limita a capacidade de financiamento deste projetos e, por arrasto, o mercado como um todo.

Nesta dinâmica, o turismo pode desempenhar um papel fulcral, argumenta João Bugalho, CEO da Arrow Global Group Portugal. O sector permite “fazer a ligação” entre estes investidores “que gastem dinheiro no país” e o mercado nacional, mas Portugal continua a pecar pela “pouca capacidade para relacionar e criar valor acrescentado a partir de ativos diferenciados”.

Ao mesmo tempo, o nível de sofisticação e preocupações dos clientes é cada vez maior, como é exemplo a questão da sustentabilidade. Tal torna a falta de oferta “ainda mais desafiante”, considera Francisco Lino Dias, partner da PLMJ.

“Já não basta atirar casas para o mercado, é preciso pensar em colocar produtos que respondam a estas preocupações do cliente final”, defendeu. “Quando pensamos em colmatar esta falta de oferta, é fundamental ter esta preocupação de sustentabilidade que requer mais sofisticação.”

Ainda assim, e apesar da ligeira instabilidade e turbulência no primeiro semestre, “ao nível do residencial urbano, o mercado continua bastante resiliente” e a expectativa é que assim continue na segunda metade do ano, projetou João Cabaça, CEO da VIC Properties, tal como os segmentos “hospitality-oriented”, ou seja, com uma vertente turística e de serviços de proximidade.

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