O ano de 2022 iniciou-se com várias interrogações, agravadas pela recente guerra Rússia-Ucrânia.
A pandemia que continua, apesar de parecer estar a abrandar, as eleições antecipadas que vieram a ter lugar no final de janeiro, o agravamento de diversas variáveis económicas que condicionam o primeiro período deste exercício e sobretudo o recente conflito armado Rússia-Ucrânia, com todas as consequências que acarretará, não só para os países beligerantes, mas também para a Europa.
No entanto, a esperança de ultrapassar a fase pandémica em que vivemos há cerca de dois anos, a obtenção de uma maioria absoluta nas recentes eleições e as perspectivas que se abrem com a execução do PRR e dos fundos europeus dão aos portugueses uma expectativa positiva, contrabalançando a preocupação com a recente situação de guerra e as consequências que daí advirão.
Igualmente as previsões económicas mostram-se favoráveis quanto ao défice orçamental e quanto ao crescimento anual do nosso País no corrente exercício.
No entanto, são várias as nuvens que pairam sobre a economia, algumas globais, outras locais.
É o caso da inflação e da previsível subida das taxas de juro que são preocupações globais e, quer seja uma subida da taxa de inflação, quer seja um aumento das taxas de juro, ambas dificultarão a recuperação económica.
A estas, junta-se a elevada dívida pública que continuamos a ter e que necessita ser drasticamente reduzida, bem como a necessidade de reformular muitas situações e de adoptar as necessárias e adequadas políticas públicas em muitas das áreas de governação.
Seja em matéria de Justiça, de Segurança Social ou de Saúde, há hoje a consciência de que muito há a fazer. Combater a morosidade da Justiça, prevenir um colapso a prazo do sistema de Segurança Social ou corrigir a lei quadro que regulamenta o SNS, de forma a que inclua os sectores público, privado e social, deverão ser medidas prioritárias.
Tudo isto dentro dum cenário de uma guerra, por tempo ainda indeterminado e com consequências que só serão possíveis de conhecer em toda a sua plenitude dentro de algum tempo, quer no que respeita à sua gravidade, quer quanto ao grau de influência sobre as nossas economias ocidentais.
Porém, mesmo neste quadro tão incerto, não temos dúvidas de que este é o tempo para decisões.
Será neste enquadramento que o Governo, cuja posse será em abril, deverá iniciar funções, devendo mostrar vontade firme de reformar com ambição e com uma atitude que empolgue os portugueses e os leve a participarem activamente neste movimento de retoma e recuperação da economia.
Para tal, o novo Governo deverá ter como objectivos primeiros o crescimento económico de forma sustentada e a criação de condições que permitam aumentar a nossa competitividade e melhorar a produtividade do trabalho.
Aguardemos todos estes desenvolvimentos e estaremos decerto mais aptos a comentar, em análises posteriores nos próximos trimestres, as evoluções esperadas e desejadas.
Este texto foi publicado originalmente na secção “Barómetro” do Boletim Económico da Primavera, no dia 03 de março de 2022.
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