O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, não irá comparecer ao encontro de ministros de Negócios Estrangeiros que irá decorrer hoje na cidade de Joanesburgo, na África do Sul, após o presidente Donald Trump ter assinado uma ordem executiva para cortar a assistência financeira norte-americana à África do Sul, que em 2023 foi de 440 milhões de dólares (421 milhões de euros). “A África do Sul está a usar o G20 para promover solidariedade, igualdade e sustentabilidade”, criticou Rubio nas redes sociais. “O meu trabalho é promover os interesses nacionais dos Estados Unidos e não desperdiçar o dinheiro dos contribuintes”, acrescentou.
O presidente norte-americano acusa o governo sul-africano de “discriminação racial injusta” contra os africânderes e critica uma lei que permite a expropriação de terrenos, disponibilizando poucas ou nenhumas compensações em alguns casos. Trump critica igualmente a posição da África do Sul em relação a Israel. Por outro lado, o ministério dos Negócios Estrangeiros sul-africano diz que a decisão de Trump demonstra falta de conhecimento sobre o colonialismo e o apartheid.
Sob a presidência sul-africana, o G20 irá focar-se sobre três assuntos principais: crescimento económico inclusivo, promoção de políticas que estimulem o desenvolvimento, os desafios da segurança alimentar e o papel da tecnologia para a resolução de problemas globais. Maria Zakharova, representante oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, confirmou a presença do ministro Serguei Lavrov. “Durante a reunião serão discutidas questões fundamentais sobre a integridade e o funcionamento eficaz do sistema económico global. As prioridades estabelecidas pela África do Sul têm como objetivo estimular o crescimento, reduzir as desigualdades e os desequilíbrios, além de garantir o acesso justo ao financiamento para os países do Sul Global”, afirmou.
No encontro de hoje estarão presentes, entre outros, os chefes das diplomacias da China (Wang Yi), Brasil (Mauro Vieira), Turquia (Hakan Fidan) e Índia (S. Jaishankar). O chefe da diplomacia sul-africana, Ronald Lamola, sublinhou que se trata de uma oportunidade para a comunidade global trocar impressões sobre questões relacionadas com a geopolítica atual. “Continuamos a interagir com Washington para encontrar soluções amigáveis e queremos continuar com uma boa cooperação comercial bilateral e empreender outros mecanismos políticos que temos”, disse Lamola.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, descreveu a África do Sul como um “parceiro fiável e previsível” da União Europeia. “Na minha conversa telefónica com o Presidente Cyril Ramaphosa, salientei o empenho da UE em aprofundar os laços com a África do Sul, enquanto parceiro fiável e previsível”, escreveu António Costa numa publicação na rede social X.
Porém, uma análise do Instituto de Estudos de Segurança (ISS) refere que a presidência sul-africana do G20 está a enfrentar uma pressão crescente, sendo que “um dos seus membros mais poderosos [EUA] está ativamente desinteressado”. Embora Pretória tenha desempenhado um papel fundamental na coordenação continental durante a pandemia de covid-19 e liderado a missão de paz Ucrânia-Rússia de 2023, o panorama atual é mais complexo. Assim sendo, continua o relatório, a “África do Sul tem de lidar com estas relações bilaterais tensas a par de outros desafios de política externa, como a sua posição no conflito Rússia-Ucrânia e as suas ações judiciais contra Israel em relação a Gaza”.
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