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Theresa May escreve a Donald Tusk pedindo mais tempo para o Brexit

O governo não explicou qual é o prazo que a primeira-ministra britânica está a pedir – se longo, se curto. Entretanto, o ambiente político interno vai-se degradando um pouco mais todos os dias.
20 Março 2019, 07h33

Depois da decisão do presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, de não aceitar uma terceira votação do acordo do Brexit se não houvesse alguma alteração significativa, a primeira-ministra Theresa May esteve esta terça-feira a escrever uma carta ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, para pedir uma prorrogação do prazo de saída do Reino Unido.

Aos jornais, o porta-voz da primeira-ministra não explicou que prazo está Theresa May a pedir – sem curto, se longo, o que faz toda a diferença. Para os analistas, um prazo longo é contrário aos interesses de Theresa May, que não quer dar tempo à enorme quantidade de rebeldes do seu próprio partido que estão interessados em vê-la afastada da liderança dos Conservadores e da chefia do executivo.

O porta-voz de Theresa May disse ainda, segundo os jornais britânicos, que a primeira-ministra acredita que o Reino Unido entrou em plena crise política, depois de Bercow ter decidido que não aceitará uma nova votação do acordo do Brexit.

O plano da primeira-ministra de trazer o acordo Brexit de volta ao Parlamento para uma terceira votação, antes de os líderes da União se reunirem na próxima quinta-feira, transformou a passada segunda-feira num caos.

Vários responsáveis políticos são de opinião que a primeira-ministra tem todo o direito de colocar a proposta novamente em votação no Parlamento – mesmo que não mude nada do que ali está exposto – mas o certo é que os comentadores se apressaram a averbar nova derrota política na ficha pessoal de Theresa May.

Para todos os efeitos, a decisão do presidente da Câmara dos Comuns foi uma forma de chamar a atenção para o facto de Theresa May insistir em iniciativas que pouco mais fazem que coisa nenhuma: as sucessivas derrotas anteriores e as declarações avulsas dos deputados não dão qualquer margem de manobra que uma terceira votação viesse a ter um desfecho diferente das duas primeiras.

Pior ainda, Bercow expôs à evidência que o líder dos Trabalhistas, Jeremy Corbyn tem aparentemente razão quando acusa Theresa May de “estar a brincar com a Câmara dos Comuns e a perder tempo precioso” que deveria ser gasto na tentativa de melhorar o projeto de acordo.

A crise política aberta com a decisão de Bercow é, assim, mais um trunfo preciso para os detratores da primeira-ministra, sejam eles do Partido Trabalhista, sejam do seu próprio partido.

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