Depois da decisão do presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, de não aceitar uma terceira votação do acordo do Brexit se não houvesse alguma alteração significativa, a primeira-ministra Theresa May esteve esta terça-feira a escrever uma carta ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, para pedir uma prorrogação do prazo de saída do Reino Unido.
Aos jornais, o porta-voz da primeira-ministra não explicou que prazo está Theresa May a pedir – sem curto, se longo, o que faz toda a diferença. Para os analistas, um prazo longo é contrário aos interesses de Theresa May, que não quer dar tempo à enorme quantidade de rebeldes do seu próprio partido que estão interessados em vê-la afastada da liderança dos Conservadores e da chefia do executivo.
O porta-voz de Theresa May disse ainda, segundo os jornais britânicos, que a primeira-ministra acredita que o Reino Unido entrou em plena crise política, depois de Bercow ter decidido que não aceitará uma nova votação do acordo do Brexit.
O plano da primeira-ministra de trazer o acordo Brexit de volta ao Parlamento para uma terceira votação, antes de os líderes da União se reunirem na próxima quinta-feira, transformou a passada segunda-feira num caos.
Vários responsáveis políticos são de opinião que a primeira-ministra tem todo o direito de colocar a proposta novamente em votação no Parlamento – mesmo que não mude nada do que ali está exposto – mas o certo é que os comentadores se apressaram a averbar nova derrota política na ficha pessoal de Theresa May.
Para todos os efeitos, a decisão do presidente da Câmara dos Comuns foi uma forma de chamar a atenção para o facto de Theresa May insistir em iniciativas que pouco mais fazem que coisa nenhuma: as sucessivas derrotas anteriores e as declarações avulsas dos deputados não dão qualquer margem de manobra que uma terceira votação viesse a ter um desfecho diferente das duas primeiras.
Pior ainda, Bercow expôs à evidência que o líder dos Trabalhistas, Jeremy Corbyn tem aparentemente razão quando acusa Theresa May de “estar a brincar com a Câmara dos Comuns e a perder tempo precioso” que deveria ser gasto na tentativa de melhorar o projeto de acordo.
A crise política aberta com a decisão de Bercow é, assim, mais um trunfo preciso para os detratores da primeira-ministra, sejam eles do Partido Trabalhista, sejam do seu próprio partido.
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