Há claramente um antes e um depois da pandemia para as empresas e para os colaboradores. “Houve grandes mudanças na forma como o colaborador olha para a proposta de valor que a organização lhe proporciona”, afirma Tiago Borges, Career Business Leader na Mercer Portugal, acrescentando que esse olhar é feito “numa óptica cada vez mais holística”.
A experiência do Colaborador no Mundo Híbrido, um dos temas que marca a agenda no mercado de trabalho no pós-pandemia, juntou esta terça-feira, 22 de fevereiro, responsáveis da Mercer Microsoft e Fidelidade numa conferência moderada por Ricardo Santos Ferreira, sub-diretor do Jornal Económico. A Tiago Borges juntaram-se Sónia Falcão, Solution sales manager for Modern Workplace and Business Applications in the Enterprise Segment da tecnológica, e Rita Lago, Corporate Culture & People Engagement manager do grupo segurador.
O que mudou na relação do colaborador com a empresa? – quesionou Ricardo Santos Ferreira
Há cinco anos, lembrou Tiago Borges, os colaboradores estavam muito mais focados nos temas materiais, nos fundamentos básicos da employer experience — salário base e remuneração variável. Mas o contexto pandémico e a reflexão que desencadeou sobre aquilo que é realmente importante na vida das pessoas, principalmente no equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional, tornou os colaboradores mais exigentes.
Outros temas estão agora em cima da mesa. Nas entrevistas de emprego, adianta o responsável da Mercer Portugal, os colaboradores já começam a questionar ativamente como é que a empresa aborda os temas do bem estar, quer físico quer de saúde mental, e até a questão das carreiras.
“As empresas têm de ter capacidade de mostrar os caminhos de evolução que podem proporcionar aos colaboradores para que estes possam evoluir profissionalmente”, adianta Tiago Borges, acrescentando que têm também de mostrar aquilo que é a cereja no topo do bolo — o sentido de propósito. “Cada vez mais os trabalhadores pretendem conectar-se de alguma forma quase emocional à entidade empregadora”, salienta. Fala sobretudo das gerações mais novas.
Para as organizações é agora mais complexo o desafio de criar uma employer experience que responda a todas as dimensões pretendidas pelo candidato. E isso preocupa-as, na medida em que, explica, “percebem claramente que é um fator ultra diferenciador e que se não o trabalharem poderão estar em desvantagem competitiva na guerra do talento”.
No fundo, salienta, “isto acaba até por dar algum poder ao colaborador”. Expliquemo-nos. Os novos modelos de trabalho tornam possível que qualquer empresa internacional capte talento e recrute em Portugal, o que cria desafios em termos de retenção e de atração a todas as organizações particularmente aquelas em que é possível implementar modelos de trabalho híbrido-remoto. No geral, a “ameaça” estende-se a empresas de praticamente todos os sectores de atividade não apenas às do ramo tecnológico.
É sempre possível trabalhar elementos da proposta de valor particularmente os relacionados com o bem estar e saber comunicá-los, diz Tiago Borges. Aliás, não o fazer, não parece opção.
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