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Tourear o destino

Essa capacidade de, olhos nos olhos, avançar em direção aos cornos do touro que o observa possante e raivoso é, uma vez mais, decisiva para o povo português, em geral, e da RAM, em particular.
31 Janeiro 2019, 18h40

Julgo que o verbo “tourear” está na lista de palavras condenadas à morte por alguns amigos dos animais. Apesar de politicamente incorreta para esses, a alegoria tauromáquica parece-me uma feliz invenção linguística para definir a atitude corajosa com que devemos enfrentar o início de qualquer ano. Desconhecendo o criador de tão rico recurso linguístico, celebro nesta crónica a capacidade criativa sem limites do povo português. Celebro também, neste princípio de 2019 a coragem desse mesmo povo que tem sabido encontrar formas de fazer avançar o país, apesar de todos os engulhos que lhe põem no caminho.

Essa capacidade de, olhos nos olhos, avançar em direção aos cornos do touro que o observa possante e raivoso é, uma vez mais, decisiva para o povo português, em geral, e da RAM, em particular. Nesse dealbar de 2019, são muitos os desafios que, coletivamente, temos de vencer, se queremos ter um futuro mais risonho. De entre eles, destaco um que, embora não sendo exclusivo da RAM, deveria ter dos nossos governantes regionais uma atenção especial: o desafio demográfico, ou seja, a promoção de medidas que, verdadeiramente, estimulem a natalidade. Bem sabemos que já existem algumas avulso das autarquias, que, embora não sendo despiciendas, não são suficientes para incentivar a natalidade ao nível que precisamos. É preciso muito mais; é preciso que os casais em idade fértil sintam que o seu sonho de ter filhos terá o apoio do Estado, porque este sabe que não há melhor investimento do que garantir a renovação das gerações. Sem isso, a região definhará e, com ela, cada um de nós.

Não tenho dúvidas de que a RAM poderia ser um laboratório de ensaio nesta matéria para o todo nacional, basta fazer disso uma opção política; basta pôr as mãos nas ilhargas e avançar destemidamente para este touro que nos pode lançar no vórtice devorador do destino.

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