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Trabalhadores da Autoeuropa preocupados com o tempo da paragem na produção e garantias de salários

Questionado sobre as declarações do gestor e professor universitário Luís Todo Bom sobre a saída da Autoeuropa de Portugal dentro de quatro-cinco anos, o coordenador da CT retorquiu: “Infundadas e despropositadas são as palavras mais ténues e brandas que tenho”.
Protective wrapping covers new Volkswagen AG (VW) automobiles as they sit on the quayside ahead of shipping at the Autoeuropa roll-on/roll-off (RORO) terminal in the Port of Setubal, Portugal, on Tuesday, June 30, 2015. Car industry companies are returning some production back to Europe from China as its cost advantage weakens, providing an opportunity for central European nations to attract investments, a Volkswagen AG executive said. Photographer: Thomas Meyer/Bloomberg via Getty Images
30 Agosto 2023, 07h30

O coordenador da Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa está preocupado com o tempo de paragem da produção na fábrica de Palmela, em Setúbal,  a partir de setembro, devido à falta de peças de um fornecedor esloveno. Rogério Nogueira pretende conhecer os mecanismos a que a administração vai recorrer para proteger os funcionários.

“A nossa principal preocupação agora é o tempo que esta situação vai demorar a resolver-se. Posteriormente, temos de perceber, da parte da empresa, quais são as medidas a implementar no sentido de garantirmos que ficam salvaguardados os interesses dos trabalhadores e os seus rendimentos, uma vez que os trabalhadores são alheios a este problema e são os menos culpados”, afirmou Rogério Nogueira ao Jornal Económico (JE).

Uma das medidas poderá ser implementada é a aplicação dos chamados downdays (dias de não produção pagos na totalidade aos funcionários), conforme referiu ontem o porta-voz da CT à RTP, elencando-os entre as “ferramentas de flexibilidade que poderão ser utilizadas” pela empresa.

Rogério Nogueira recusa que o grupo Volkswagen esteja a dar prioridade a outras fábricas no estrangeiro para o fornecimento das peças que ainda circulam, apesar dos bloqueios logísticos na Eslovénia.

“Há outras fábricas a serem prejudicadas. Não é uma questão de prioridades. O que existe é um problema, de produção do fornecedor esloveno, que afeta a fábrica de Palmela. No início de agosto, a Eslovénia sofreu cheias e a fábrica deste fornecedor foi drasticamente afetada, portanto deixou de produzir, o que está a prejudicar o processo produtivo desta fábrica e de outras fábricas da Volkswagen”, clarifica o coordenador da CT da Autoeuropa ao JE.

“Se está a priorizar não tenho conhecimento. O que sei é que vamos ter aqui alguns problemas, porque não temos nenhuma previsão de quanto tempo irá ser a paragem, mas a empresa, a seu tempo, irá certamente informar a CT”, reforçou. O JE tentou contactar a administração sobre o assunto, mas até ao momento de fecho desta edição não foi possível obter comentários.

Questionado sobre as declarações do gestor e professor universitário Luís Todo Bom sobre a saída da Autoeuropa de Portugal dentro de quatro-cinco anos, retorquiu: “Infundadas e completamente despropositadas são as palavras mais ténues e brandas que tenho relativamente a essas afirmações”.

“A Autoeuropa é uma empresa com trabalhadores responsáveis, muito profissionais, e ao longo dos anos tem demonstrado isso e merecido a confiança e o investimento da casa-mãe. Ainda agora foi anunciado um novo carro e estamos na iminência de começar a pintura, portanto, há aqui certos investimentos que contradizem essas teses alarmistas”, defendeu Rogério Nogueira.

Na segunda-feira, a administração da Autoeuropa informou os trabalhadores de que a fábrica de automóveis de Palmela, no distrito de Setúbal, deverá parar durante “algumas semanas” a partir do próximo mês.

“Na origem do problema está a falta de peças produzidas por um fornecedor na Eslovénia e que são essenciais à construção de motores”, esclareceu a empresa do grupo Volkswagen, em comunicado consultado pelo JE, no qual também ressalva que o cenário se pode alterar com mudanças no fluxo da cadeia de abastecimento e que está a prestar apoio ao fornecedor visado.

A CT aguarda o agendamento de uma reunião formal com os administradores da Autoeuropa, contudo garante que está em “permanente contacto” com a mesma para receber informações sobre eventuais alterações que sejam feitas à comunicação inicial.

A administração da Autoeuropa esclareceu, em comunicado, que a paragem da produção deverá ter lugar a partir da primeira quinzena de setembro e que se deverá prolongar por algumas semanas.

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