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Trabalhadores da Elevo Angola sem pagamento há 11 meses

“Nós, trabalhadores da Elevo Angola, vimos por este meio expor o drama vivido há 11 meses pelos colaboradores angolanos e há 20 meses pelos colaboradores expatriados, todos sem o pagamento dos seus salários e completamente abandonados pela administração da empresa”, lê-se no comunicado.
28 Junho 2025, 11h40

Num comunicado enviado às redações, os trabalhadores da construtora Elevo revelam que estão sem receber salário e “completamente abandonados pela administração da empresa”.

“Nós, trabalhadores da Elevo Angola, vimos por este meio expor o drama vivido há 11 meses pelos colaboradores angolanos e há 20 meses pelos colaboradores expatriados, todos sem o pagamento dos seus salários e completamente abandonados pela administração da empresa”, lê-se no comunicado.

Acusam o empresário Gilberto Rodrigues, CEO da Elevo Engenharia (ex-CEO da Mota Engil África), juntamente com o administrador Gabriel Brito, de “terem permitido o colapso total da Elevo Angola, deixando os trabalhadores entregues à própria sorte, sem comunicação, sem proteção e sem dignidade”.

“Além dos salários em atraso, a empresa deixou de cumprir com todas as suas obrigações legais: não paga Segurança Social, IRT, IVA, seguros de acidentes de trabalho nem seguros de saúde, colocando os trabalhadores numa situação de vulnerabilidade extrema”, acusam.

Na mesma nota referem que “durante o ano de 2024 e já em 2025, realizámos diversas paralisações, tentando pressionar a empresa a regularizar os pagamentos. Entre 20 e 24 de dezembro de 2024, a sede da Elevo foi ocupada pacificamente pelos trabalhadores” e dizem que “em resposta, a administração limitou-se a pagar dois meses em atraso, sem qualquer compromisso sobre o restante valor devido”.

“Para os trabalhadores expatriados, a situação foi ainda mais humilhante”, dizem revelando que “os bilhetes para as férias de Natal só foram emitidos a 22 de dezembro, sem qualquer salário, contrariando promessas de pagamento de valores vindos de Cabo Verde para pagar aos colaboradores expatriados que nunca foram cumpridas”.

Desde o início de 2025, todos os departamentos da Elevo foram encerrados, dizem. “Não há operações, nem alimentação, nem gasóleo, nem qualquer tipo de assistência. Os responsáveis desapareceram sem explicações”, acrescentam.

“Apesar de insistentes contactos por e-mail e telefone, os trabalhadores nunca obtiveram resposta da administração. A ausência total de comunicação reforça a convicção de que Gilberto Rodrigues e Gabriel Brito abandonaram a empresa e os seus colaboradores”, revelam os trabalhadores.

“O próprio Gilberto Rodrigues enviou dois e-mails prometendo pagar todos os salários em atraso, mas nunca cumpriu”, acusam revelando que o CEO em 2025, voltou ao país mas evita qualquer contacto com os trabalhadores.

Os trabalhadores apelam a que o dinheiro do mobiliário do grupo que está a ser vendido seja para pagar os salários em atraso.

“Alguns trabalhadores já apresentaram queixas formais no SIC – Serviço de Investigação Criminal Angola, no próprio MAPTSS – O Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS) e interpuseram ações judiciais nos tribunais de Luanda e do Huambo. Contudo, até hoje não houve qualquer decisão, resposta ou ação concreta”, referem no comunicado que pedem “uma investigação rigorosa à alienação de bens, à gestão financeira e às responsabilidades dos administradores”.

A construtora Elevo esteve presente em mais de 20 países e faliu.

Em 2022 o grupo Elevo viu aprovado um plano de recuperação que pressupunha o perdão de mais de metade de uma dívida, na ordem dos 350 milhões de euros, tendo ficado de fora os créditos reconhecidos das instituições financeiras.

O Elevolution Group entrou com um Processo Especial de Revitalização (PER) em 2022 com uma dívida na ordem dos 350 milhões de euros a 135 entidades, incluindo o Fisco e a Segurança Social, que foi aprovado por 80% dos seus credores, mas não recebeu luz verde judicial. No fim de 2023 foi publicado, no portal Citius, o anúncio da recusa da homologação do PER.

Na lista de 135 credores do Elevolution Group, faziam parte instituições bancárias como o BCP (26,2 milhões de euros), a Caixa Geral de Depósitos (24,7 milhões), o Novobanco (17,7 milhões de euros), ou o Banco Montepio (12,1 milhões de euros).

A Nacala Holdings, liderada por Gilberto Silveira Rodrigues, foi executada pelos bancos.

Em janeiro de 2022, o Banco Montepio entrou com uma ação executiva sobre o Elevolution Group, no valor de 4,3 milhões de euros, tendo no mês seguinte requerido a sua insolvência no Juízo de Comércio de Sintra.

 

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