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Trabalhadores do Novobanco exigem prémio equivalente a dois salários pela venda do banco

A Comissão de Trabalhadores do Novobanco considera uma “tremenda injustiça” os trabalhadores não receberem prémios após a venda do banco, ao contrário dos gestores, e exige que seja pago o equivalente a pelo menos dois salários.
3 Outubro 2025, 18h37

A Comissão de Trabalhadores do Novobanco considera uma “tremenda injustiça” os trabalhadores não receberem prémios após a venda do banco, ao contrário dos gestores, e exige que seja pago o equivalente a pelo menos dois salários.

Num comunicado intitulado “Eles comem tudo, eles comem tudo e não deixa nada”, citando a canção ‘Os Vampiros’ de Zeca Afonso, a Comissão Nacional de Trabalhadores (CNT) do Novobanco disse que, após serem conhecidos os bónus de 1.100 milhões de euros que receberão dirigentes da Lone Star e gestores após a venda do banco ao grupo francês BPCE, contactou a administração para questionar se os trabalhadores receberão prémios extraordinários.

A resposta do presidente executivo (CEO), Mark Bourke, e do presidente do Conselho Geral e de Supervisão, Byron Haynes, foi negativa por, segundo a CNT, considerarem que os bónus atribuídos no último ano são suficientes.

“A pergunta impõe-se: E os membros do Conselho de Administração Executivo e do Conselho Geral e de Supervisão? Não receberam também melhorias salariais muito superiores às dos trabalhadores e bónus quase 70 vezes superiores? Basta consultar o relatório e contas para confirmar que essas remunerações foram bem chorudas”, lê-se no comunicado.

A CNT considera que “foi graças ao empenho” dos mais de 4.000 trabalhadores que o Novobanco se reestruturou, o que permitiu a venda acordada em junho por 6.400 milhões de euros, e anunciou que vai lançar um abaixo-assinado a exigir prémios.

“Perante esta tremenda injustiça, a CNT não se conforma e irá desenvolver iniciativas para que os trabalhadores sejam, no mínimo, recompensados com um prémio de dois salários, o que representa cerca de 25 milhões de euros — apenas 2,27% dos 1.100 milhões que serão distribuídos. Uma migalha do grande bolo”, refere o comunicado.

O Novo Banco foi criado em 2014 para ficar com parte da atividade bancária do BES (na resolução deste) detido pelo Fundo de Resolução bancário (entidade pública).

Em 2017, a maioria do capital foi vendido à Lone Star. Então, foi acordado um mecanismo pelo qual, nos anos seguintes, o Fundo de Resolução injetou 3.405 milhões de euros no banco, provocando várias polémicas políticas e mediáticas.

Com o fim antecipado deste mecanismo, em final de 2024, tornou-se possível a venda do banco e o pagamento de dividendos.

Em junho, foi acordada a venda ao BPCE por 6.400 milhões de euros. O Novobanco é detido em 75% pela Lone Star, sendo os restantes 25% do Estado (11,46% da Direção-Geral do Tesouro e Finanças e 13,54% do Fundo de Resolução).

O Governo disse que a venda do Novobanco associada à distribuição de dividendos que ocorreu este ano permitiu “ao Estado recuperar quase 2.000 milhões de euros dos fundos públicos injetados na instituição”.

Em setembro, foi polémica a notícia do Público de que dirigentes da Lone Star e gestores do Novobanco deverão receber bónus que ascendem a 1.100 milhões de euros pagos pelo acionista Lone Star relativos ao sucesso da venda do Novobanco.

A Lusa contactou, então, o Fundo de Resolução e Ministério das Finanças, questionando se tinham conhecimento e se consideram que pode haver conflito de interesses por um acionista (Lone Star) pagar bónus a gestores independentes do Novobanco. Mas, até ao momento, não obteve respostas.

A Lusa noticiou, na quinta-feira, que o Novobanco propôs a 700 trabalhadores um complemento salarial único para terminar um diferendo de anos relativo a cartões de crédito atribuídos pelo BES e posteriormente cancelados.

Em causa estão cartões de crédito que centenas de quadros do BES que tinham cartões atribuídos como complemento salarial (e que podiam usar em gastos pessoais).

Os trabalhadores que deixaram de receber têm considerado que o montante lhes é totalmente devido, pois trata-se de rendimento.

A proposta do Novobanco é pagar 50% do valor passado e ficar acordada a extinção de qualquer responsabilidade futura, incluindo que o trabalhador não recorre a via judicial.

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