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Trabalhadores dos supermercados Dia/Minipreço marcam greve para 3 de abril

A paralisação foi anunciada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal após uma reunião entre a comissão Sindical do CESP e a Direção de Recursos Humanos da Dia Portugal para discutir o Caderno Reivindicativo apresentado pelos trabalhadores em outubro de 2020.
Supermercados
23 Março 2021, 21h43

Os trabalhadores dos supermercados Dia/Minipreço em greve dia 3 de abril anunciaram esta terça-feira uma greve nacional para dia 03 de abril em defesa de aumentos salariais gerais de 90 euros e de uma carreira.

A paralisação foi anunciada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP) após uma reunião entre a comissão Sindical do CESP e a Direção de Recursos Humanos da Dia Portugal para discutir o Caderno Reivindicativo apresentado pelos trabalhadores em outubro de 2020.

Numa nota de imprensa, o sindicato lembrou que a empresa registou uma subida de 7,6% nas vendas de 2020, mantendo-se como referência no setor das lojas de proximidade e, por isso, os trabalhadores tinham “grandes as expectativas” em relação aos aumentos salariais, nomeadamente porque “em 2020 provaram o seu profissionalismo e disponibilidade à empresa, colocando a sua saúde e das suas famílias em risco para manter as lojas a funcionar e a vender”.

“Esperava-se que a Dia Portugal valorizasse os seus trabalhadores e que em 2021 desse um sinal claro de reconhecimento, através de aumentos dos salários e de outras matérias de expressão pecuniária que permitissem uma vida digna a todos os que diariamente estão nas lojas e armazéns a produzir lucros para esta multinacional”, disse o CESP.

Francisco Duarte, dirigente do CESP, disse à agência Lusa que “tal não aconteceu e a empresa apresentou uma proposta inaceitável, muito aquém das aspirações dos trabalhadores”.

“Além de não dar qualquer resposta a 90% das reivindicações apresentadas pelos trabalhadores, de informar claramente que não existe espaço para qualquer aumento no subsídio de refeição, que não está disponível para corrigir as discriminações salariais que existem entre trabalhadores com a mesma categoria profissional e antiguidade, a Dia Portugal limitou-se a anunciar a aplicação de uma tabela interna que irá diferenciar os últimos 6 níveis da tabela salarial”, referiu o sindicalista, que é também trabalhador da empresa.

Segundo Francisco Duarte, os valores não foram divulgados na reunião, mas a perspetiva é de que se tratem de “aumentos médios de 2,5% na massa salarial dos trabalhadores, ou seja, aumentos médios de 10,47 euros para pouco mais de 1.000 trabalhadores, num universo de mais de 3.500”.

O sindicato marcou a greve para 03 de abril porque tinha ficado mandatado para tal, num plenário realizado no dia 15, caso a empresa não respondesse favoravelmente ao caderno reivindicativo dos trabalhadores.

Do caderno reivindicativo faz também parte a fixação do subsídio de alimentação nos 7,30 euros por dia, a redução do horário semanal para 39 horas e a criação de um subsídio de 10% do salário mínimo para todos os que trabalhem em temperaturas controladas.

“Desde 2010 que os trabalhadores têm vindo a perder poder de compra pois a empresa apenas tem valorizado os salários entre cinco a 10 euros e nas cinco carreiras de operador toda a gente tem o mesmo salário”, sublinhou o sindicalista.

Esta situação tem feito com que os salários de ano para ano vão sendo absorvidos pelo valor do salário mínimo nacional, explicou Francisco Duarte, afirmando que atualmente cerca de 90% dos trabalhadores recebe o salário mínimo ou pouco mais.

Segundo sindicalista, o subsídio de refeição também não tem sido atualizado, mantendo-se nos 5,30 euros.

O CESP apelou para que todos os trabalhadores da Dia Portugal se “mobilizem para a luta, em defesa de melhores condições de trabalho, de horários dignos que permitam a conciliação da vida pessoal e familiar e, acima de tudo, por mais e melhores salários para todos, sem exceção, valorizando as carreiras e a antiguidade”.

“Apelamos a que todos se mobilizem para uma grande ação de luta nacional dos trabalhadores da Dia Portugal, no dia 3 de abril de 2021, com greves e piquetes em todo o país, numa forte manifestação pela dignidade dos trabalhadores”, afirmou o sindicato no comunicado.

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