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Transplante de toda a pele em criança de sete anos realizado com sucesso

O caso foi divulgado pela revista “Nature” e está a ser encarado pela comunidade científica como um marco histórico na medicina regenerativa.
9 Novembro 2017, 16h00

Investigadores da Universidade de Modena, em Itália, produziram em laboratório grandes quantidades de pele geneticamente modificada, que foi transplantada posteriormente no corpo de um menino de sete anos, salvando-lhe a vida.

Foi a primeira vez que a equipa liderada pelo professor Michele de Luca aplicou a pele produzida em laboratório na área total do corpo de um ser humano. A criança síria, filha de refugiados na Alemanha, já tinha perdido aproximadamente 80% da epiderme devido a padecer de epidermólise bolhosa juncional, doença que resulta da mutação de um gene – LAMB3 – que produz uma proteína que permite fixar as células da camada mais superficial da pele (a edpiderme) sobre a camada mais profunda (a derme). Sem esta proteína, as células da epiderme formam bolhas que evoluem para graves ferimentos.  Depois de ser sujeito a terapias convencionais falhadas, incluindo um transplante de pele do pai que acabou rejeitado, a única solução era a morfina que lhe era constantemente administrada para combater as dores enquanto se preparava para iniciar cuidados paliativos.

A equipa médica do Hospital Pediátrico da Universidade de Ruhr, na Alemanha, onde a criança estava internada, pediu ajuda à equipa de investigadores autores da técnica pioneira. Os especialistas começaram por recolher amostras de pele saudável do menino. A partir destas amostras, as células foram geneticamente modificadas, recorrendo a um vírus capaz de inserir uma versão saudável do LAM3 nos seus núcleos.

As cirurgias realizaram-se em 2015 e foi necessário um mês para que o tecido transplantado se unisse devidamente à camada mais profunda da pele. A partir daí, as células estaminais do menino começaram a gerar novas células saudáveis da pele.

Dois anos volvidos, o “feedback” é positivo. A criança voltou à escola e até joga futebol. Ainda assim, há riscos a ter em atenção. Os autores do artigo, publicado hoje na revista “Nature” alertam para a probabilidade de os doentes sujeitos a tratamentos que incluem mutações genéticas virem a sofrer de cancro, neste caso da pele.

Para já, a comunidade científica não poupa nos elogios ao falar deste caso, considerando-o como um “exemplo impressionante do uso de células estaminais em humanos”.

 

SaúdeOnline

 

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