Investigadores da Universidade de Modena, em Itália, produziram em laboratório grandes quantidades de pele geneticamente modificada, que foi transplantada posteriormente no corpo de um menino de sete anos, salvando-lhe a vida.
Foi a primeira vez que a equipa liderada pelo professor Michele de Luca aplicou a pele produzida em laboratório na área total do corpo de um ser humano. A criança síria, filha de refugiados na Alemanha, já tinha perdido aproximadamente 80% da epiderme devido a padecer de epidermólise bolhosa juncional, doença que resulta da mutação de um gene – LAMB3 – que produz uma proteína que permite fixar as células da camada mais superficial da pele (a edpiderme) sobre a camada mais profunda (a derme). Sem esta proteína, as células da epiderme formam bolhas que evoluem para graves ferimentos. Depois de ser sujeito a terapias convencionais falhadas, incluindo um transplante de pele do pai que acabou rejeitado, a única solução era a morfina que lhe era constantemente administrada para combater as dores enquanto se preparava para iniciar cuidados paliativos.
A equipa médica do Hospital Pediátrico da Universidade de Ruhr, na Alemanha, onde a criança estava internada, pediu ajuda à equipa de investigadores autores da técnica pioneira. Os especialistas começaram por recolher amostras de pele saudável do menino. A partir destas amostras, as células foram geneticamente modificadas, recorrendo a um vírus capaz de inserir uma versão saudável do LAM3 nos seus núcleos.
As cirurgias realizaram-se em 2015 e foi necessário um mês para que o tecido transplantado se unisse devidamente à camada mais profunda da pele. A partir daí, as células estaminais do menino começaram a gerar novas células saudáveis da pele.
Dois anos volvidos, o “feedback” é positivo. A criança voltou à escola e até joga futebol. Ainda assim, há riscos a ter em atenção. Os autores do artigo, publicado hoje na revista “Nature” alertam para a probabilidade de os doentes sujeitos a tratamentos que incluem mutações genéticas virem a sofrer de cancro, neste caso da pele.
Para já, a comunidade científica não poupa nos elogios ao falar deste caso, considerando-o como um “exemplo impressionante do uso de células estaminais em humanos”.
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