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Transportadoras entre a aposta na sustentabilidade e o apelo a mais apoio

Setor dos transportes e logística alerta para a necessidade de se adotar medidas de imediato para travar o impacto do aumento dos combustíveis, numa altura em que as fontes alternativas de energia também são caras.
10 Fevereiro 2022, 13h47

O setor dos transportes e da logística tem grandes desafios pela frente em 2022, nomeadamente o aumento do preço dos combustíveis. Uma subida que acaba por se refletir diretamente nos bolsos dos consumidores. As empresas pedem mais medidas, numa altura em que procuram usar fontes alternativas de energia. Mas neste caminho encontram também uma subida dos custos.

“A questão dos combustíveis não é uma questão nova”, começa por dizer Joaquim Vale na mesa redonda realizada a propósito do especial “Quem é quem nos Transportes e na Logística” publicado pelo Jornal Económico.

O administrador da Santos e Vale relembra que houve um abrandamento da tendência de subida dos preços em 2020 devido ao travão imposto pela pandemia à economia. No entanto, registou-se novo aumento a partir do primeiro trimestre do ano passado e, desde então, “temos vindo a assistir a uma escalada do custo do combustível por várias razões”, nomeadamente “razões de mercado externo”, mas também pela carga fiscal do país. “A ANTRAM já veio avisar que a carga fiscal que existe sobre o setor sobre o custo do combustível é demasiado pesada” e isto reflete as políticas do país em torno da questão energética, salienta.

É preciso perceber “quanto é que queremos que as pessoas paguem mais”, refere, por outro lado, Gustavo Paulo Duarte, da transportadora Paulo Duarte, notando que o “Governo pode criar medidas diretas às pessoas” ou “criar medidas de apoio indiretas relativamente a um setor que toca efetivamente em tudo aquilo que as pessoas compram ou transacionam”.

“Na taxação do gasóleo, o nosso setor ainda tem alguma benesse que é o gasóleo profissional, mas já não chega”, alerta, defendendo que a “diretiva do gasóleo profissional deve ser alargada a mais viaturas”, estando hoje “muito limitada na tipologia de viaturas que têm acesso a benefícios”. Há, diz, “matéria para trabalho”.

Há alternativas energéticas, mas também são caras

“Nesta altura em que os custos energéticos têm vindo a aumentar, há matérias e diretrizes que têm que ser trabalhadas e nomeadamente esta questão do gasóleo profissional parece-me que tem que ser mexida já”, afirma Gustavo Paulo Duarte. O custo do gasóleo será aquele que será refletido no preço, porque, diz, “não temos margem para assumir”.

Perante a subida dos preços dos combustíveis, as empresas têm procurado fontes energéticas alternativas. Mas acabam por encontrar também aumentos, tanto na eletricidade como no gás.

“Temos tentado mitigar parte desta tendência de crescimento do preço do combustível”, diz Luís Mota, diretor comercial da STEF, na mesma mesa redonda organizada pelo JE, explicando que têm “trabalhado muito naquilo que é a inovação a adaptação e também na incorporação na nossa frota de veículos mais eficientes que nos permitam reduzir os impactos junto dos nossos clientes deste crescente aumento do preço do combustível”.

A eletricidade e o gás “são fontes alternativas à questão dos combustíveis, mais amigas do ambiente, mais sustentáveis”, mas “acaba por ser um contrassenso porque temos alternativas, mas as alternativas também deixam de ser razoáveis do ponto de vista do custo”, afirma, notando que este trabalho também está feito junto dos clientes, apostando numa diminuição das frequências de entregar, permitindo servir os mesmos pontos de entrega menos vezes, com “ganhos a nível económico no custo do próprio transporte”, que depois se reflete naquilo que o consumidor vai pagar.

“Neste momento é mais caro a exploração de um veículo a gás do que é em combustível convencional, a gasóleo, o que é um contrassenso”, concorda Joaquim Vale, da Santos e Vale.

Também as cadeias de abastecimento, que sentiram igualmente o impacto do aumento dos custos, estão a dar estes passos no sentido da sustentabilidade, nomeadamente na Yilport Iberia. “Uma das coisas que estamos a fazer na Yilport, porque precisamos ainda de combustíveis, é uma transição energética e uma aposta na sustentabilidade”, nomeadamente através da eletrificação, afirmou Diogo Marecos, general manager da empresa.

Outra forma de reduzir os custos poderá ser através da tecnologia, algo que já acontece lá fora. “Efetivamente a tecnologia ajuda a reduzir custos”, refere, por outro lado, Filipe Carvalho, managing partner da Routyn, que ajuda as empresas a otimizar as rotas de veículos.

“Temos assistido a vários clientes em Inglaterra, na Polónia, a pediram soluções relacionadas com a eletrificação e, portanto, com veículos elétricos”, afirmou, relembrando que em Londres, onde os pesados não podem circular pela cidade em determinadas horas, houve várias empresas que se uniram para criarem mecanismos de distribuição dentro da cidade, nomeadamente através de veículos elétricos abastecidos por armazéns na periferia.

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