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Três mercados representam quase metade das exportações

Exportações portuguesas continuam trajetória ascendente, mas ritmo de venda de bens ao exterior desacelerou em 2018. União Europeia mantém a tradição e é o principal destino, mas Estados Unidos, Angola e Brasil já contribuem para a performance.
25 Novembro 2019, 11h35

Há muito que a União Europeia se consolidou como o principal cliente de Portugal, com Espanha, França e Alemanha a liderarem o ‘top três’ dos principais destinos de bens portugueses, mas as empresas nacionais continuam a procurar outros mercados para crescer. Os Estados Unidos, Angola e o Brasil estão também no radar dos empresários portugueses, numa estratégia de diversificação de mercados.

Depois de o boom de exportações, a venda de bens ao exterior continua a aumentar, mas desacelerou em 2018, face ao ano anterior.

No ano passado, as exportações de bens cresceram 5,1%, menos 4,9 pontos percentuais do que em 2017, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Ainda assim, em termos nominais, ascenderam ao valor mais elevado de sempre: 57.807 milhões de euros. A impulsionar este desempenho esteve principalmente o comércio intra-União Europeia.

As exportações portuguesas cresceram 7,9%, em 2018, para países da União Europeia, o que se traduz num acréscimo de 3.209 milhões de euros quando comparado com o ano anterior. Esta expansão permitiu compensar o decréscimo de 420 milhões de euros registado no comércio para países terceiros.

Mercados europeus lideram ‘ranking’
A liderar os mercados para os quais Portugal mais bens exporta mantiveram-se Espanha, França e Alemanha, quer no peso individual, quer no conjunto. Em 2018, os três mercados concentraram quase metade das exportações totais, ascendendo a um peso de 49,6%, uma subida de 0,4 p.p. face a 2017.

O mercado espanhol mantém-se o principal parceiro económico de Portugal e, em 2018, sagrou-se como o país que mais contribuiu para o aumento global de compra e venda de bens. No ano passado, representou 25,4% das exportações portuguesas, tendo subido dois p.p. face a 2017.

“À semelhança do ocorrido nos três anos anteriores, Espanha foi o país que mais contribuiu para o aumento global das exportações, com um acréscimo de 5,8%, principalmente devido aos veículos e outro material de transporte”, explica o relatório do INE relativo ao comércio internacional.

Já o mercado francês, que ocupa o segundo lugar na compra de bens portugueses, pesou 12,7% das exportações portuguesas, ao adquirir sobretudo veículos e outros materiais de transportes. Já as exportações para a Alemanha, que seguiu a tendência de grupo de produtos mais vendidos para França, mas também dos produtos de ótica e precisão, cresceram 6,5%, com um peso de 11,5% no total das exportações.

Com o Reino Unido a ocupar o quarto lugar na compra de bens, é apenas no quinto maior cliente que Portugal atinge o mercado extra União Europeia, ao vender sobretudo combustíveis minerais para os Estados Unidos. As terras do ‘tio Sam’ mantêm o mesmo lugar no ranking do que em 2017, tendo a venda de bens aumentado 1% – o que se traduz por um acréscimo de 28 milhões de euros em 2018, quando comparado com 2017. Com estes números, os Estados Unidos já têm um peso de 5% nas exportações totais de Portugal.

Em contra-ciclo, registou-se uma queda de 15,3% nas exportações para Angola, que representou uma diminuição de 273 milhões de euros, principalmente devido aos produtos agrícolas e máquinas e aparelhos.

“Os dez principais mercados de destino em 2017 mantiveram-se em 2018, havendo apenas troca de posições entre Itália e os Países Baixos (Itália ascendeu a 6.º)”, explica o INE, que acrescenta que as exportações para os Países Baixos diminuíram 0,3% e “incidiram sobre a maioria dos grupos de produtos, mas com maior intensidade nos combustíveis minerais”.

A ganhar peso, estiveram assim as exportações para Itália, que representou o segundo maior aumento na globalidade dos países, com um crescimento de 25,2%, devido ao aumento da compra sobretudo de veículos e outro material de transporte.

 

 

Máquinas e aparelhos lideram vendas
A maioria dos grupos de produtos apresentaram aumentos nas vendas de bens em 2018. Segundo dados do INE apenas as máquinas e aparelhos, o calçado e outros produtos apresentaram diminuições nas exportações.

“As máquinas e aparelhos continuaram a ser o grupo de produtos mais vendido ao exterior, tendo atingido um peso de 14,3%”, explica o organismo de estatística, que identifica uma diminuição de 1,9%, reflexo da diminuição de comércio intra-UE e extra-UE.

Por outro lado, as vendas de veículos e outro material de transporte aumentaram 25% e foram as que mais contribuíram para o crescimento global das exportações, reforçando a sua posição como segundo principal grupo de produtos exportado. A impulsionar esta evolução estiveram as exportações para países terceiros à União Europeia, dado que as vendas para a União Europeia registou uma diminuição de 241 milhões de euros.

Já os metais comuns mantiveram-se como terceiro principal grupo de produtos exportado, com um peso de 7,9%. “As exportações deste tipo de bens aumentaram 5,8%, em resultado da evolução positiva das transações para os parceiros Intra-UE”, refere.

Apesar do seu aumento, a perder peso no total das exportações globais estiveram os plásticos e as borrachas, assim como os combustíveis minerais.

Crescimento das exportações desacelera no terceiro trimestre
O comércio internacional fora da Europa já está a ter impacto no volume de exportações em Portugal, com a venda de bens a crescer 1,2%, em termos homólogos, no terceiro trimestre deste ano.

Esta evolução representa uma desaceleração da expansão de 5,8% registada entre julho e setembro de 2018.
Se a radiografia às exportações se centrarem no trimestre terminado em setembro verifica-se uma queda de 3,6% das exportações registadas no período terminado em agosto. Tendo como enquadramento este período, as exportações para a zona euro aceleraram 2,3%, enquanto para a União Europeia 2,4%.

Em setembro de 2019, as exportações de bens cresceram 5,8%. “A variação apresentada em ambos os fluxos [exportações e importações] foi principalmente resultado da evolução registada no comércio Intra-UE”, explica o organismo de estatística, salientando as exportações de materiais de transporte, que subiram 19,8%.

Neste mês, Bélgica, Alemanha e França lideraram os mercados que mais receberam bens portugueses, com um crescimento, em termos homólogos, das exportações de 13,4% para o mercado belga, de 11,8% para o mercado alemão e de 9,4% para o mercado francês.

“Excluindo os combustíveis e lubrificantes, as exportações aumentaram 7,2% e as importações cresceram 10,3% (-0,1% e +4,0%, respetivamente, em agosto de 2019”, identifica o INE.

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