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Trump desiste de adiar as eleições e regressa ao combate à China

A Casa Branca quer ultrapassar o ruído causado pela possibilidade do adiamento das eleições. Entretanto, o presidente vai esta semana dirigir o combate contra as empresa chinesas de software que, diz, estão a colocar em perigo a segurança nacional.
2 Agosto 2020, 19h00

O chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, disse este fim-de-semana que “vamos realizar as eleição no dia 3 de novembro e o presidente vencerá”, tentando assim encerrar mais um episódio de campanha, como sempre protagonizado por Donald Trump – que quis adiar a data das eleições. A proposta – que nem chegou a sê-lo, foi apenas uma espécie de ‘desabafo’ para auscultar reações – foi muito mal recebida por todos e permitiu aos democratas evidenciar que o candidato republicano está com medo de perder.

Igualmente, o conselheiro da campanha presidencial, Jason Miller, disse na Fox News que “as eleições serão no dia 3 de novembro e o presidente Trump quer que as eleições sejam no dia 3 de novembro”. Na passada quinta-feira, Trump sugeriu adiar as eleições, uma ideia imediatamente rejeitada por democratas e pelos republicanos no Congresso – o único órgão do governo com autoridade para o fazer.

Críticos e até aliados de Trump afirmaram que a questão surgiu como uma tentativa de distrair o país das notícias devastadoras na frente económica. Mas o debate não vai desaparecer, até porque um dos eventuais motivos para a suspensão das eleições seria a questão do voto por correspondência. O país espera que a crise do coronavírus provoque um aumento da votação por correio em novembro e isso será inevitavelmente um ponto de atrito entre democratas e republicanos, logo no dia a seguir às eleições.

Miller criticou os esforços de alguns Estados, nomeadamente o Nevada, de expandir a votação por correspondência durante emergências como a epidemia de coronavírus. Trump pediu este domingo que fosse aberto um processo para combater os esforços legislativos do Nevada para estender a votação por correio. “Isso é ultrajante. Deve ser combatido de imediato!”, disse no Twitter.

Entretanto, o novo foco – ou mais propriamente o regresso do foco do costume – vai para a China e para as empresas chinesas de software que trabalham nos Estados Unidos. O secretário de Estado Mike Pompeo disse este fim-de-semana que o presidente irá tratar desse assunto ao longo dos próximos dias, alegando que o que está em causa é a possibilidade de uma rutura da segurança nacional.

O caso tem ainda a ver com a rede social Tik Tok – que o presidente quer ver fora do país – mas vai ser alargado a outras empresas do setor digital que a Casa Branca vai acusar de promoverem a espionagem em favor do governo de Pequim e do Partido Comunista Chinês, segundo disse Mike Pompeo.

Alguns analistas consideram que o ‘filão’ da China não vai ser tão importante nas eleições de 3 de novembro como a Casa Branca parece pensar – até porque a importância do comércio entre os dois países é de tal ordem que o mais elementar bom-senso implicaria uma diminuição do ambiente de guerra (de palavras e de alguns, poucos, atos) entre as duas duas potências.

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