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Trump e Macron mantêm divergências em relação à Ucrânia

O encontro entre os dois presidentes correu sem animosidades, mas não houve encontro de interesses. Entretanto, declarações de Vladimir Putin apontam para que o encontro de Riad não foi entendido da mesma forma por Moscovo e Washington.
25 Fevereiro 2025, 12h29

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , e o presidente francês, Emmanuel Macron, demonstraram continuar a ter enormes diferenças nas suas abordagens à questão da Ucrânia, expondo uma divisão entre Estados Unidos e Europa que aparentemente não tem forma de serem ultrapassadas. Durante um dia de conversas entre os dois líderes, e segundo relata a imprensa norte-americana, Trump e Macron mostraram um relacionamento amigável, mas o presidente francês deixou claro que discorda de Trump em algumas questões-chave.

Macron disse que é claro que a Rússia “é o agressor”. “O presidente Putin violou a paz”, disse Macron em conferência de imprensa conjunta com Trump. O presidente dos Estados Unidos expressou o desejo de um cessar-fogo o mais rápido possível e disse que está a tentar encontrar forma de Ucrânia e Rússia se encontrarem. Macron pediu uma abordagem diferente, que passasse por uma trégua e de seguida por um acordo de paz que inclua garantias de segurança. “Nós queremos paz, ele quer paz. Queremos paz rapidamente, mas não queremos um acordo fraco”, disse Macron. Qualquer acordo de paz deve ser “avaliado e verificado”.

No entanto, os dois líderes concordaram com o envio de forças europeias de manutenção da paz quando um acordo for finalmente alcançado. Aparentemente, e segundo avançavam as mesmas fontes, Vladimir Putin pode estar aberto a que isso venha a acontecer. “Não estariam nas linhas de frente. Não tomariam parte em nenhum conflito. Estariam lá para garantir que a paz fosse respeitada”, insistiu Macron quando ainda se encontrava no Salão Oval com Trump.

 

Putin quer europeus

Entretanto, a participação da Europa nas negociações de paz na Ucrânia será necessária em algum momento, mas Moscovo quer primeiro construir confiança com Washington, disse o presidente Vladimir Putin, ao mesmo tempo em que sugeriu que um acordo para encerrar o conflito ainda pode estar longe. Putin falava no canal de televisão estatal russo, ali tendo dito que Trump abordou o conflito Rússia-Ucrânia de forma racional e não emocional.

O presidente russo disse que o tema do acordo foi discutido tanto na conversa telefónica com Trump como no encontro de Riad, mas que “não foi discutido em detalhes”. “Apenas concordámos que iríamos nessa direção. E neste caso, é claro, não recusamos a participação de países europeus”.

Ou seja: Moscovo e Washington parecem não ter uma visão exatamente coincidente sobre o que se está a passar. Putin disse que a Europa “não tem nada a ver” com as negociações em Riad, pois estas estão focadas em estabelecer confiança entre as duas capitais, o que o presidente russo disse ser fundamental para seguir depois para outros caminhos. “Para resolver questões complexas e bastante agudas, como as relacionadas à Ucrânia, tanto a Rússia quanto os Estados Unidos devem dar o primeiro passo”, disse Putin.  E “esse primeiro passo deve ser dedicado a aumentar o nível de confiança entre os dois Estados”, acrescentou.

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