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“Vemo-nos em Washington. Vai ser de loucos”. Apelo de Trump acabou num dos dias mais negros da democracia norte-americana

No dia 20 de dezembro, Donald Trump convocou os seus apoiantes a reunirem esforços para marcharem, num “grande protesto”, até ao Capitólio, em Washington DC, garantindo que seria “de loucos”. Protestos na capital resultaram em quatro mortos, várias detenções e um decreto de estado de emergência até depois da tomada de posse de Joe Biden, a 20 de janeiro.
7 Janeiro 2021, 18h15

Cerca de dois meses depois de alimentar alegações infundada de fraude eleitoral e garantir que iria reunir todos os esforços para disputar os votos que deram vitória ao candidato democrata Joe Biden, Donald Trump reconheceu finalmente a derrota, frisando que a passagem de pasta, no dia 20 de janeiro, irá decorrer de forma “ordeira”.

A garantia chegou depois dos confrontos que decorreram, esta quarta-feira, no Capitólio, em Washington, por manifestantes pró-Trump terem resultado na morte de quatro pessoas, várias detenções e contestações a nível mundial perante o ataque à democracia a que se assistia. E ao que tudo indica, segundo uma investigação da “Reuters“, esse ataque terá sido planeado.

Tudo começou quando a 30 de dezembro, o ainda presidente norte-americano publicou na rede social Twitter: “Vemo-nos em [Washington] DC, no dia 6 de janeiro”.

Na altura, o inquilino da Casa Branca referia-se a um comício republicano que estava agendado para decorrer naquele dia, altura em que a Câmara de Representantes e o Senado, ambos no Capitólio, iriam certificar os votos do Colégio Eleitoral e atribuir a vitória a Joe Biden e Kamal Harris — o que acabou por acontecer seis horas depois de os tumultos terem terminado.

Porém, segundo a investigação da agência noticiosa, dias antes, Donald Trump havia convocado um “grande protesto” na capital norte-americana, após ter considerado que a derrota nas eleições presidenciais era “estatisticamente impossível”.

https://twitter.com/AleksandraFern3/status/1346922722039746561

E assim foi. Milhares de manifestantes invadiram as salas do Senado, interrompendo a cerimónia que oficializava a transferência de poder para Joe Biden e obrigando ao presidente da Câmara de Washington a decretar um estado de emergência e um recolher obrigatório. Momentos antes, durante o comício presidido por Donald Trump, o ainda presidente gritava: “Vamos marchar até ao Capitólio e torcer pelos nossos corajosos senadores e congressistas”, disse, num discurso em frente à Casa Branca.

“Não vamos desistir, nem conceder”, continuou, incentivando os apoiantes presentes no comício a exigir por um resultado eleitoral onde o candidato republicano ganhava as eleições.

Durante o momento em que os apoiantes de Trump invadiam o edifício da capital, através de janelas abertas que partiam e objetos que atiraram, o presidente refugiava-se na Casa Branca, monitorizando a situação através das televisões nacionais e apelando, no Twitter, que os manifestantes “permanecessem em paz”.

Mas isso não foi suficiente. As autoridades acrescentaram que pelo menos 14 polícias ficaram feridos, dois deles em estado grave, tendo sido efetuadas mais de meia centena de detenções, sendo que cerca de 30 aconteceram por violação do recolher obrigatório.

As autoridades também encontraram e desativaram duas bombas caseiras nas proximidades da sede dos secretariados nacionais dos partidos Democrata e Republicano. E descobriram ainda uma viatura no terreno do Capitólio, onde se encontrava uma espingarda e até dez bombas incendiárias, informou a cadeia de televisão norte-americana CNN.

Quatro horas após o início dos incidentes, as autoridades declararam que o edifício do Capitólio estava em segurança. Donald Trump ficou suspenso do Twitter, o que obrigou o seu assessor presidencial a divulgar um comunicado em nome do chefe de Estado:

“Embora eu discorde totalmente do resultado da eleição, e os factos me deem razão, mesmo assim haverá uma transição ordeira do poder no dia 20 de janeiro. Sempre disse que iríamos continuar a nossa luta para garantir que apenas os votos legais seriam contados. Embora isto represente o fim do melhor primeiro mandato da história presidencial, foi apenas o início da nossa luta para Fazer da América Grande Novamente (Make America Great Again)”.

 

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