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Trump vs redes sociais: da proibição do Tik Tok às polémicas com o Twitter

Presidente norte-americano acumula escândalos em várias plataformas de social media, sobretudo no Twitter, o seu veículo predileto de comunicação. O alvo principal é, agora, o TikTok.
4 Agosto 2020, 18h25

O processo de aquisição da ByteDance, a empresa detentora da TikTok, por parte da Microsoft tem feito correr tinta, sobretudo devido às posições assumidas por Donald Trump, que passou de querer banir a aplicação nos EUA a incentivar a companhia criada por Bill Gates a adquiri-la e até pagar uma comissão ao governo americano.

Esta não é, no entanto, a primeira vez que o presidente tem declarações e tomadas de posição polémicas relativas a várias redes sociais. Recordamos aqui algumas das mais marcantes.

Possivelmente o veículo mais marcante e importante da sua estratégia de comunicação, o Twitter de Donald Trump alterou a forma como a Presidência norte-americana informa publicamente sobre as suas variadas políticas. Trump usa recorrentemente a rede social para promover a sua imagem, atacar rivais, anunciar projetos de lei ou comentar assuntos relevantes. Já este ano, e depois de uma publicação sua sobre votos por correspondência ser alvo de fact-checking pela plataforma, o presidente decidiu assinar uma ordem executiva limitando os poderes das redes sociais.

Desde o uso indevido de propriedade intelectual (como o tweet removido após uma queixa da banda de rock norte-americana Linkin Park, que viu uma sua música utilizada pela máquina de comunicação de Trump sem autorização), alegações de espionagem à sua campanha presidencial por parte do Partido democrata ou a famosa gralha do “covfefe”, a conta de Trump tem sido alvo frequente de atenção mediática e já por várias vezes as suas publicações foram consideradas pela empresa como uma violação da sua política de conteúdo.

Os casos mais notórios, ainda assim, serão os de incentivo ao ódio e à violência ou a propagação de notícias falsas. Trump tem um historial de partilha de conteúdos associados a grupos de ódio, normalmente de extrema-direita, como o Britain First (quando republicou vídeos que mostrariam um suposto agressor migrante muçulmano, mas que não era nem muçulmano, nem migrante), ou a individualidades associadas a este quadrante político, como Katie Hopkins (que o Twitter baniu permanentemente em 2020 por violar a sua política de conduta de ódio).

Desde o despoletar da pandemia de Covid-19, muitos dos tweets mais polémicos do presidente estão relacionados com a doença, meios de tratamento e com a resposta sanitária e política à situação. Trump repetiu várias vezes a sugestão que a hidroxicloroquina constitui uma cura para a virose, tendo mesmo partilhado um vídeo de uma médica nigeriana propagando esta posição. A médica em causa defende, por exemplo, que os hospitais americanos usam ADN alienígena. Esta publicação foi apagada pelo Twitter por propagar informações falsas.

Mas não é só no Twitter que Trump tem acumulado polémicas. Ainda enquanto candidato, a sua campanha beneficiou do investimento de 100 mil dólares em publicidade a seu favor e atacando Hillary Clinton. O escândalo foi participado pela própria empresa em 2017 ao Senado e Câmara dos Representantes e trouxe para a ordem do dia nomes como a Cambridge Analytica e o poder da big data na política. Ainda no mês passado, a página oficial de Trump partilhou uma publicação de um grupo evangélico onde era usada uma imagem de 2014 da revolução ucraniana para ilustrar falsamente o que supostamente se estaria a passar nos EUA.

Outras redes sociais como o Snapchat ou o Twitch acabaram por se juntar ao rol de relações difíceis do presidente com as redes sociais. Já este ano, o Snapchat anunciou que deixaria de promover a conta de Trump na sua página de “Descoberta”, depois deste partilhar uma fotografia à frente da igreja de St. John’s, em Washington, DC, no meio dos protestos à escala nacional que se seguiram à morte de George Floyd.

O Twitter suspendeu a conta de Trump depois de violações ao seu código contra o discurso de ódio em junho de 2020. Num comício em Tulsa, Oklahoma, o presidente usou uma história ficcional para ilustrar as suas afirmações de 2016 sobre mexicanos, em que os apelidou de violadores, traficantes de droga e criminosos. Ambos os acontecimentos foram invocados pela plataforma para justificar a suspensão.

Perante as suspeitas levantadas sobre as intenções do governo chinês através de empresas tecnológicas instaladas nos EUA, como aconteceu já com a Huawei, Trump pretende que a TikTok passe a ser propriedade americana. O presidente já deu um prazo para a conclusão da operação, que expira a 15 de setembro. Caso a aquisição falhe, o TikTok deverá ser banido do mercado norte-americano.

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