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TrustEnergy. Japoneses e franceses oficializam divórcio com partilha de bens de três gigas

Engie e Marubeni dividiram ativos eólicos e cada um ficou com uma central a gás.
Paulo Cunha/Lusa
20 Agosto 2024, 20h13

O consórcio TrustEnergy anunciou hoje a conclusão do seu processo de divórcio e a partilha de bens.

Dividiram os ativos eólicos com os franceses da Engie a ficarem com a central a gás do Pego e os japoneses da Marubeni a ficarem com a central a gás da Tapada do Outeiro.

Este movimento transformador visa aumentar o foco e a agilidade e impulsionar oportunidades de crescimento acelerado para cada um dos acionistas, em linha com as suas respetivas estratégias e ambições, no dinâmico mercado energético português. Esta divisão estratégica é impulsionada pelo reconhecimento de que o setor está a passar por uma transformação significativa na nossa geografia, com o aumento da procura de soluções de energias renováveis e a evolução das preferências dos clientes”, segundo o comunicado hoje divulgado.

Com esta cisão, a ENGIE e a Marubeni Corporation pretendem, na prossecução dos seus próprios projetos individuais, alinhar-se melhor com a dinâmica do mercado e oferecer soluções personalizadas para atender às diversas necessidades dos seus clientes”, pode-se ler.

A conclusão da operação está dependente de “certas condições precedentes” previstas no contrato de compra e venda de ações, “incluindo a aprovação dos órgãos regulatórios relevantes”, com a transação a ficar concluída no último trimestre do ano, segundo a sua previsão.

O consórcio em fim de vida assegura que “todos os empregados da TrustEnergy têm os seus empregos assegurados e serão integrados nas organizações da Marubeni Corporation ou da Engie”. 

 Carlos Rosário, responsável da Engie disse em comunicado: “Acreditamos que Portugal tem imenso potencial para liderar esta transformação, moldando o futuro da energia, através do desenvolvimento de recursos renováveis. Esta divisão estratégica é um passo no sentido de concretizar as nossas fortes ambições de construir um futuro mais sustentável e próspero para todos, através de um maior desenvolvimento das energias renováveis”.

Já Célio Pinto da Marubeni afirmou: “Após um período de reflexão e planeamento estratégico, ambos os acionistas da TrustEnergy decidiram seguir caminhos diferentes. Esta decisão foi motivada pela ambição da Marubeni Corporation de se expandir como fornecedor de soluções energéticas e explorar novas oportunidades de negócio. A separação permitir-nos-á inovar, crescer e responder melhor às necessidades específicas dos nossos parceiros e clientes em transição para a neutralidade carbónica. O nosso compromisso com a excelência mantém-se inabalável e estamos determinados a fazer desta mudança um marco positivo na história da Marubeni Corporation em Portugal.

 No início de jullho, Bruxelas autorizou a compra pela Marubeni de ativos da TrustEnergy. “A Comissão Europeia aprovou a aquisição de controlo único de certas partes da TrustEnergy BV em Portugal pela Marubeni Corporation do Japão. Antes, a Marubeni detinha controlo conjunto sobre subsidiárias da TrustEnergy”, segundo a decisão divulgada a 5 de julho.

A Comissão conclui que a operação “não levanta preocupações de concorrência, dado que as empresas não são ativas nos mesmos ou relacionados mercados verticais, e o impacto limitado na estrutura de mercado”.

Sobre o divórcio, a Comissão descreve que a “Marubeni e a Engie concordaram em terminar a joint venture e dividir o negócio entre eles. As subsidiárias a serem adquiridas pela Marubeni são centrais de produção de eletricidade usando o vento ou gás natural, e projetos de desenvolvimento para a produção de eletricidade, usando energia solar e a produção de hidrogénio”.

O consórcio TrustEnergy BV era detido a 50% por cada uma das empresas, contando com uma capacidade instalada de três gigawatts, sendo o “segundo maior ator no sector de eletricidade em Portugal e o quarto no segmento eólico”, de acordo com a companhia.

Entre os ativos, conta-se a Trustwind, que detém os ativos eólicos do grupo; a Turbogas, que detém a central a gás da Tapada do Outeiro em Gondomar (na foto), Porto; e a Elecgas, a central a gás natural do Pego, Santarém (detida a meias entre TrustEnergy/Endesa).

A TrustEnergy também detinha 56% da central a carvão do Pego, com a Endesa a deter 44%, mas este casamento acabou num divórcio amargo (ver notícias relacionadas), com vários processos em tribunal, depois de a central ter encerrado e as duas empresas terem-se desentendido sobre o futuro da central. Separadas, concorreram ao concurso para o ponto de ligação do Pego que acabou por ser conquistado pela Endesa.

 

Como ficam os activos divididos?

ENGIE

MARUBENI CORPORATION

 

Wind farms:

Parque Eólico das Terras Altas de Fafe 

Parque Eólico da Nave

Parque Eólico de Mourisca

Parque Eólico da Serra do Ralo   

Parque Eólico de Prados 

 

Tejo Energia

Elecgas

Pegop

TrustEnergy S.A.

Wind farms:

Parque Eólico da Terra Fria 

Parque Eólico de Carreço-Outeiro II    

 Parque Eólico de Mosqueiros II 

 Parque Eólico de Mértola

Parque Eólico de Vale de Estrela

 Parque Eólico do Bravo

Parque Eólico de Mougueiras 

 

Turbogas

Portugen

TrustWind services

 

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