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Tulipa: a empresa que resiste às tempestades

Há três décadas no mercado, a Tulipa produz à volta de 300 mil plantas por ano, um negócio que fatura 1,2 milhões de euros.
7 Janeiro 2018, 11h20

Nem só de flores se faz a história da Tulipa. A empresa fundada em 1988, disponibiliza projetos paisagistas, serviços de construção, de manutenção de jardins e de instalação e manutenção de sistemas de rega, mas é acima de tudo, como gosta de dizer Liliana Dionísio, uma fábrica de emoções.

E foram justamente as emoções que ditaram o nascimento do projeto que sobreviveu aos prejuízos do 20 de Fevereiro de 2010 e quatro anos depois aos incêndios que assolaram a ilha da Madeira.

A primeira ‘Tulipa’ nasceu em 1988 fundada por Ana Maria Pinto. Em 1995, a empresária ligada à imobiliária resolveu se dedicar a um novo projeto no setor da habitação e foi a filha Liliana Dionísio quem assumiu o negócio das flores, juntamente com o marido Filipe Dionísio.

Natural do Canadá, Liliana Dionísio deu seguimento ao trabalho da mãe em parceria com o marido, mas a mãe Ana Maria Pinto “continua a ter a última palavra em tudo o que diz respeito à empresa”.

Na altura, a importação de produtos da Costa Rica, ilhas Maurícias e da Colômbia deu aos madeirenses a possibilidade de adquirirem plantas exóticas e únicas e a empresa consolidou a sua estratégia de negócio.

“Há 30 anos, não havia diversidade de plantas na Madeira. Uma ocasião quisemos levar flores ao aeroporto a um familiar e não conseguimos um bouquet digno. Mais tarde, tivemos o funeral de um amigo e usaram flores que não eram frescas”, conta a empresária.

Foi quanto bastou para a mãe de Liliana Dionísio, uma empresária direcionada para o ramo imobiliário, se lançar no negócio das flores. A empresária frequentava então um curso de direito em Lisboa. Um mês depois estava na ilha. Começou na área das entregas e passou por todos os departamentos da empresa. Apostou em cursos no estrangeiro e preparou-se para assumir a gestão da Tulipa.

“Pensei que o meu pai se zangaria por deixar o curso. Ao invés ele disse-me: filha tu foste feita para mandar”. 30 anos passados, Liliana Dionísio é quem dá cartas na gestão comercial, dos recursos humanos e em tudo o que concerne à decoração na Tulipa.

Entre os projetos mais aliciantes, Liliana Dionísio conta a decoração floral de Natal da sala de jantar do Palácio de Belém nos anos 2009 e 2010, mas todos os dias outros projetos lhe enchem a alma, garante, e é com “uma alegria imensa” que entra na casa dos madeirenses para decorar pequenos-almoços e jantares românticos que surpreendem pelo bom gosto e requinte.

“A Tulipa fornece artigos para qualquer tipo de decoração. Reunimos uma equipa de profissionais competentes e elevada qualificação e experiência que oferecem uma ampla solução”, atesta.

O que começou por ser um investimento da ordem dos 500 mil euros é hoje uma empresa consolidada. Uma “espécie de família” 24 horas disponível para os clientes que dá emprego a 50 pessoas e conta com três postos de venda no Funchal.

“Muitos dos nossos funcionários estão cá desde a primeira hora e sinceramente não sei o que seria desta empresa sem eles”, confessa Liliana Dionísio que gere, juntamente com o marido Filipe Dionísio, o investimento familiar.

Quando apareceu na Madeira, a Tulipa teve na importação de flores exóticas uma mais-valia. A oferta de espécies difíceis de encontrar como a rosa porcelana, as helicónias de Moçambique, as margaridas (crisântemos) deram visibilidade à empresa e consolidaram o negócio.

O empresário e coordenador da área técnica, Filipe Dionísio é quem trata dos projetos de paisagismo e da área agrícola. A Tulipa dispõe no momento de várias estufas. No Funchal, a Tulipa Garden tem uma área de 24 mil metros quadrados e uma área de exposição com flores, artigos de decoração, entre outros artefactos.

A meta passa sempre por adaptar-se às necessidades do mercado e às expectativas do público, seja no setor dos arranjos e ‘bouquets’ de flores, seja na comercialização de espécies da ilha como importadas ou na decoração floral para todo o tipo de eventos, desde casamentos a baptizados, até conferências.

A empresa tem a seu cargo a decoração de hotéis, igrejas, disponibilizando serviços diversos que vão desde casamentos, cerimónias religiosas a funerais. Anualmente, dão apoio a mais de 60 casamentos.

Do curriculum de Filipe Dionísio fazem também parte projectos de arquitectura paisagística, instalação de sistemas de rega, manutenção e fitossanidade de jardins, transplante, poda e abate de árvores de grande porte. O empresário esteve envolvido no projeto de paisagismo do campo de golfe do mediático Severiano Ballesteros, no Porto Santo, e chegou a tratar da relva no antigo campo do Marítimo, nos Barreiros.

Entrega de flores a qualquer hora e para todo o Mundo

Por ano, a Tulipa produz à volta de 300 mil plantas. Os antúrios e as orquídeas são as espécies mais procuradas, mas é possível comprar de tudo, desde árvores de Natal, a tulipas, rosas e uma infinidade de outras espécies.

Para além do serviço normal de entrega de flores, a empresa dá aos clientes a possibilidade de fazerem encomendas fora de horas e para qualquer parte do mundo.

“Se um cliente estiver num jantar e quiser oferecer flores, pode fazê-lo”, diz Liliana Dionísio. Em parceria com a Interflora, são também aceites encomendas para entregar em qualquer lado do Mundo.

Mas nem tudo foram rosas no percurso desta empresa que exporta atualmente para várias países da Europa. A Tulipa perdeu toda a produção de planta com flor e arbustos a 20 de Fevereiro de 2010, incluindo o viveiro no Monte, com uma área de produção de oito mil metros quadrados e o escritório no Funchal. O infortúnio voltou depois a bater à porta da empresa há três anos, com elevados prejuízos nos incêndios que causaram grande destruição na ilha.

“Tivemos de começar do zero e chegamos a pensar em desistir, mas o apoio de 80 colaboradores e a ajuda dos parceiros deu-nos o mote para continuar, recorda Liliana Dionísio que, apesar das dificuldades, nunca perdeu o sorriso. A empresa reinventou-se e fatura hoje 1,2 milhões de euros.

Para o sucesso do negócio, Liliana Dionísio acredita ter contribuído a capacidade de adaptação ao mercado e aos clientes e a diversidade de serviços. O trabalho, diz, é intenso mas “muito compensador”.

“Ninguém imagina como é o desafio de responder, por exemplo, às exigências de decoração, com os pedidos a aparecerem em contra-relógio”, declara a empresária. Ao final do dia, garante Liliana Dionísio, o que conta é a satisfação dos clientes num negócio que vive de emoções.

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