Depois do fracasso das negociações entre a Turquia e a Grécia a propósito da ilha de Chipre – que aconteceram há cerca de dois meses na Suíça e que foram fechadas pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, por este não ver qualquer possível entendimento entre ambos – os dois países voltam a sentar à mesma mesa. Desta vez será em Ancara, capital da Turquia, no próximo dia 6 de outubro, quarta-feira, numa nova ronda que faz parte de uma decisão antiga de se manter em aberto o diálogo entre os dois vizinhos que inúmeras vezes estiveram em guerra.
Os dois aliados da NATO têm divergido ao longo de décadas em diversas questões, incluindo, além de Chipre, a extensão das fronteiras aéreas e marítimas no Mar Egeu. A Turquia, que tem a maior costa continental no Mediterrâneo Oriental, rejeitou as reivindicações de limites marítimos feitas pelos membros da União Europeia, pela Grécia e pela administração cipriota grega de Chipre.
Ancara enfatiza que essas reivindicações “excessivas” violam o direito soberano tanto da Turquia como da República Turca do Norte de Chipre (TRNC), país que a comunidade internacional não reconhece. Ambos os lados citam uma série de tratados e acordos internacionais com décadas para apoiarem as suas reivindicações territoriais conflituantes, o que só serve para envolver a questão numa nuvem de desentendimentos que tem sido a maior caraterística da relação entre Turquia e Grécia.
O governo e o Presidente turcos têm dito repetidamente que Ancara é a favor de uma solução negociada dos problemas pendentes na região e com o recurso ao direito internacional. Em várias ocasiões, Atenas recusou sentar-se à mesa das negociações e optou por reunir em Bruxelas para assumir uma posição mais dura contra a Turquia – espaldada nos 27.
Mas até esse recurso se tem revelado difícil para os gregos, que não conseguem encontrar na União Europeia um entendimento geral de pressão sobre a Turquia. Pelo contrário, vários países têm apoiado as pretensões turcas e criticado a forma como a Grécia gere o difícil dossiê do Mediterrâneo Oriental – que tem implicações óbvias com as jazidas de petróleo e gás natural que ali existem.
Para os observadores, e dados os desentendimentos encontrados na Suíça, o simples facto de Turquia e Grécia irem encontrar-se na próxima semana em Ancara já é uma boa notícia.
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