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Turquia quer cooperar com os Estados Unidos na área da energia

A proposta surge no âmbito do gás natural liquefeito (GNL), produto que os norte-americanos possuem para concorrer com o gás natural – que a Rússia produz e que vende para a Europa. As prospeções turcas no Mar Negro e no Mediterrâneo também fazem parte da equação.
27 Julho 2021, 17h40

O governo turco fez uma proposta para o estabelecimento oficial de uma plataforma de diálogo com os Estados Unidos sobre o sector energético. Um relatório turco refere que a plataforma entre os dois governos terá como foco a cooperação na transformação de energia, gás natural liquefeito (GNL) e recursos renováveis, avaliando oportunidades conjuntas noutros países.

A proposta terá sido feita paralelamente à visita do vice-ministro turco da Energia e Recursos Naturais, Alparslan Bayraktar, a Washington na semana passada. O ministro já antes tinha abordado a questão com importantes empresas de energia norte-americanas num encontro realizado na Embaixada da Turquia em Washington.

Citado pelo jornal turco Daily Sabah, a diretora executiva do Conselho de Negócios EUA-Turquia, da Câmara de Comércio, Jennifer Miel, disse esperar que as empresas norte-americanas desempenhem um papel crítico na garantia do futuro energético da Turquia através de projetos de investimento.

“Há um forte diálogo entre a indústria de energia dos EUA e as autoridades turcas sobre novos projetos relacionados ao GNL, fontes de energia renováveis, tecnologias e descobertas recentes na região”, disse Miel.

O diálogo entre os dois países dá-se numa altura em que a Rússia tem um papel preponderante na produção de gás natural (concorrente do GNL) e no abastecimento de vários países europeus – o que, recorde-se, resultou no grave diferendo entre a Alemanha e os Estados Unidos.

Por outro lado, a Turquia tem desenvolvido o seu potencial de exploração de recursos naturais energéticos tanto no Mar Negro como no Mediterrâneo Oriental – apesar de todos os desentendimentos com Chipre, Grécia e a União Europeia em geral. Com este enquadramento, a relação na área da energia entre turcos e norte-americanos não pode deixar de ser analisada pelos responsáveis da União Europeia.

Um relatório de junho passado revelava que a Turquia partilhou dados sobre as suas descobertas de hidrocarbonetos no Mar Negro com grandes empresas de energia dos Estados Unidos, incluindo a Chevron e a Exxon Mobil, antes de uma possível cooperação na extração do gás.

A possível aproximação entre os dois países na área das energias pode servir para contrabalançar outros dossiês em que se encontram em oposição – como são a compra pela Turquia do sistema russos de defesa aérea S-400, o apoio dos Estados Unidos à ramificação síria do grupo PKK, o YPG, e a recusa em extraditar Fetullah Gülen, considerado por Ancara o líder da tentativa de golpe de Estado de julho de 2016.

Recorde-se ainda que o GNL fazia parte do ‘cabaz’ de alteração dos padrões energéticos norte-americanos avançada pelo anterior presidente, Donald Trump – que chegou a recomendar à chanceler alemã ANgela Merkel que substituísse a compra de gás natural russo pelo gás liquefeito norte-americano.

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