O banco suíço UBS antecipa um excelente ano para os mercados financeiros e, a despeito das graves convulsões que vão evoluindo em diversas geografias com implicações diretas na evolução da economia da Euro-América, afirma que a descida das taxas de juro servirá de alavanca ao crescimento. A análise consta do outlook do banco para 2025, que leva o título ‘Roaring 20s: The next stage’.
Partindo do princípio que a eleição de Donald Trump é uma espécie de ‘antes e depois’, o USB diverge de várias outras consultoras – que afirmam que ao mercado tanto se lhe dava que vencesse o candidato republicano ou o democrata, com o banco suíço a acreditar que o próximo presidente (a partir de janeiro), tratará de baixar os impostos e irá insistir na desregulamentação do mercado.
Vale a pena recordar que a primeira prestação de Trump como presidente não foi propriamente do agrado do mercado – ou pelo menos de Wall Street, que não costuma gostar de lidar com graus elevados de imprevisibilidade. Mas, como dizem alguns críticos, o mercado não tem memória. De qualquer modo, no longo prazo, os mercados sobrem sempre e nada leva a crer – e o estudo do UBS não o desmente – que desta vez seja diferente.
Assim, na ótica do banco, o Banco Central Europeu (BCE) e a Reserva Federal (Fed) devem cortar em 125 e 100 pontos base, respetivamente, as taxas de juro em 2025, contribuindo para uma subida de 10% do S&P 500 e de 6% das ações europeias. Claro que há indicadores em contrário, pelo menos na Europa: os falcões que rodeiam Chistine Lagarde já fizeram saber que não é hora de largar mão firme do financiamento, não vá a inflação derrapar novamente.
Nos Estados Unidos passa-se o mesmo: apesar de todas as eventuais desregulamentações, o previsível crescimento das taxas aduaneiras às importações vai exercer pressão sobre a inflação, que poderá atingir um pico se Trump optar mesmo por medidas gravosas desse género.
É por isso que o UBS não fecha as portas a que esta visão ‘paradisíaca’ seja desmentida pela realidade normalmente mais dura dos factos. É que a ‘desglobalização’ é um processo em marcha e em princípio irá ao arrepio do comércio internacional, tão caro às empresas acantonadas nos índices dos mercados de capitais. Mesmo no que tem a ver com as tecnológicas – que são há anos sucessivos uma espécie de ‘el dorado’ para os investidores. Convém ter em conta que algumas delas têm ficado bem aquém do que delas era esperado, com consequências funestas nas bolsas (e não apenas nos seus próprios papéis).
Aconteceu isso mesmo com a neerlandesa ASML – que fez o Nadaq recuar 1% em apenas um dia, quando fez saber ao mercado que as encomendas no final do terceiro trimestre deste ano estavam apenas a metade do que era antecipado pelos analistas – ou com a ainda mais importante Nvidia, norte-americana, que acaba de divulgar resultados que não fizeram ninguém sorrir.
Além disso, há ainda a dívida externa – que apenas os Estados Unidos se dão ao luxo de nem sequer para lá olharem – o envelhecimento da população e um cada vez mais evidente ‘corte’ entre a Euro-América (e seus ‘comparsas’, como a Austrália, o Japão, a Coreia do Sul e mais uns tantos) e a Ásia-Sul-Global (onde estão todos os BRICS, que são 25% do G-20). Dali não é suposto virem grandes notícias.
De qualquer modo, uma das convicções do outlook do UBS para 2025 é a expectativa de que os principais bancos centrais prolonguem o ciclo de cortes nas taxas de juro iniciadas já este ano. O UBS antecipa que o euro possa valorizar até 6% face ao dólar ao longo do próximo ano, com a taxa de câmbio EUR/USD a variar entre 1 e 1,12 em 2025.
Quando ao mercado acionista, e para o mercado norte-americano, o banco suíço antecipa que o índice S&P 500 atinja os 6.600 pontos até ao final de 2025, uma valorização próxima dos 10% face aos níveis atuais. Tecnologia, utilities e banca deverão cumprir a função de serem os motores do mercado. Já para a Ásia (excluindo o Japão), o banco suíço espera que o índice MSCI Asia ex-Japan valorize cerca de 15% até o final de 2025 – menos um ponto percentual que o crescimento esperado para o MSCI India. Envelhecida e transformada em museu a céu aberto, o MSCI Europe deverá crescer apenas seis vezes até ao final de 2025.
Por outro lado, o UBS antecipa preços mais altos para metais de ‘transição’ como cobre, lítio e níquel. Quanto ao ouro – que se encontra em bom plano, não havendo nada melhor que uma boa guerra para o valorizar – o UBS considera que é uma commoditie com excelentes perpetivas como ativo de refúgio, a não ser, evidentemente, que as guerras acabem num repente, o que seria um aborrecimento para os investidores. O banco prevê que o ouro atinja novos máximos históricos, com a onça a negociar nos 2.900 dólares até ao final do ano.
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