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Ucrânia, defesa e economia no topo da agenda da reunião dos líderes europeus

A Ucrânia, a defesa e a competitividade perfazem a agenda de mais uma reunião do Conselho Europeu, o primeiro depois do encontro ‘telefonado’ entre Putin e Trump.
António Costa
FILE PHOTO: Portuguese Prime Minister Antonio Costa speaks to the press as he attends a European Union leaders summit in Brussels, Belgium March 21, 2024. REUTERS/Johanna Geron/File Photo
20 Março 2025, 09h19

Os 27 líderes da União Europeia reúnem-se em Bruxelas para uma cimeira com uma agenda bastante preenchida, liderada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia, as negociações lançadas por Donald Trump e os novos planos multimilionários para rearmar o bloco. A reunião também abordará a necessidade de aumentar a competitividade, a gestão da migração irregular, a situação no Médio Oriente, a ordem multilateral e o futuro do orçamento da UE, que está sob forte pressão após anos de crises sucessivas.

A lista de temas é tão extensa que os chefes de Estado e de Governo poderão ser obrigados a pernoitar na capital belga e a prosseguir os debates na sexta-feira de manhã. A cimeira surge envolta num sentimento de déjà vu, uma vez que os 27 se reuniram há apenas duas semanas para discutir a Ucrânia e a defesa. A reunião de emergência foi convocada em reação à diplomacia acelerada de Trump e à sua viragem para Moscovo, que agitou os líderes e alimentou o receio de um colapso iminente da aliança transatlântica. Mas esta é a primeira reunião que sucede depois do encontro telefónico entre Donald Trump e Vladimir Putin, respetivamente presidente dos Estados Unidos e da Rússia. O bloco têm-se queixado ‘amargamente’, mas o certo é que os sucessivos encontros com o tema no topo da age da não esconde que a União Europeia foi colocada fora do perímetro das negociações para a paz.

Mais bizarro ainda, a própria Ucrânia também, e será com certeza por isso, dizem os cínicos, que não há nenhum encontro com mais de dois chefes de Estado ou de governo da União Europeia para o qual o presidente da Ucrânia não seja convidado.

O presidente Volodymyr Zelenskyy, que falou com Trump na quarta-feira sobre as próximas etapas das negociações, informará os líderes presentes na sala através de videoconferência.

Embora subsistam muitas dúvidas, o mal-estar diminuiu um pouco depois de a Ucrânia ter concordado com um cessar-fogo provisório de 30 dias e de os EUA terem levantado a suspensão da ajuda militar e da partilha de informações, assinalando uma melhoria nas relações bilaterais. Vladimir Putin respondeu com uma proposta mais limitada de cessar-fogo dos ataques contra as infra-estruturas energéticas e exigiu uma suspensão “total” do fornecimento de ajuda militar a Kiev.

“Se é verdade que Putin disse que devemos parar a nossa ajuda militar à Ucrânia, então lerão nas nossas conclusões exatamente o oposto”, disse um diplomata sénior citado pela agência Euronews. No entanto, espera-se que o capítulo sobre a Ucrânia das conclusões seja aprovado apenas por 26 Estados-membros, uma vez que a Hungria continua a opor-se firmemente a qualquer linguagem relacionada com a estratégia de “paz através da força” e a novas provisões de armas e munições. A mesma dinâmica foi adoptada há duas semanas, quando Viktor Orbán se opôs ao texto comum.

Além disso, os dirigentes vão abordar os ambiciosos planos da Comissão Europeia para aumentar rapidamente as despesas com a defesa, incluindo um novo programa de empréstimos de 150 mil milhões de euros, e libertar o potencial dos 10 biliões de euros que os cidadãos da UE têm em poupanças. A iniciativa de rearmamento recebeu um amplo apoio das capitais, mas é necessário prosseguir o trabalho legislativo antes de a Comissão poder ir aos mercados e obter o dinheiro para os empréstimos.

Durante o jantar, os 27 irão deliberar sobre o orçamento do bloco para o período 2028-2034, embora esta parte da cimeira fique sem conclusões pormenorizadas porque o processo ainda está na fase inicial. O debate sobre o próximo orçamento será explosivo e complexo, com as novas prioridades em matéria de defesa, ambiente, digital e Ucrânia a procurarem mais espaço, a par dos envelopes tradicionais da agricultura e da coesão.

“O desafio é a equação financeira: como fazer corresponder as nossas ambições aos recursos da nossa União”, disse um alto funcionário da UE.

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