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Ucrânia e Turquia reforçam cooperação militar

Como membro da NATO, a Turquia está a ajudar a Ucrânia a desenvolver o seu poder militar, mas há quem conteste a presença de Ancara, que tem uma relação duvidosa com a Rússia, e prefira alianças com a Europa – que prefere manter-se afastada.
21 Janeiro 2021, 19h30

Os acordos de defesa e cooperação entre a Ucrânia e a Turquia ajudaram a modernizar os sistemas militares ucranianos pós-soviéticos elevando-os para os padrões da NATO, disseram as autoridades militares ucranianas esta quarta-feira. O Ministério da Defesa ucraniano assinou em 14 de dezembro uma série de acordos com a Turquia sobre a produção e transferência de tecnologia de corvetas navais e veículos aéreos de combate não tripulados.

Mykhailo Samus, vice-diretor de Relações Exteriores do Centro de Estudos do Exército, Conversão e Desarmamento, disse à agência noticiosa turca Anadolu que desde o início do conflito armado com a Rússia em 2014, tornou-se ainda mais importante para a Ucrânia encontrar o seu lugar na região e no mundo. E observou que a Turquia é um país importante como líder regional.

Samus disse que Ancara é o parceiro mais importante para Kiev em termos de indústria de defesa, dado que a indústria turca está desenvolvida e pode atender às necessidades dos militares ucranianos. Os drones Bayraktar TB2 fabricados pela Baykar são um dos produtos turcos que a Ucrânia já comprou para atender a essas necessidades.

Mas a aproximação entre a Ucrânia e a Turquia no campo militar não é vista, apesar de este país ser membro da NATO, como especialmente confiável por vários analistas. Desde logo porque há vários conflitos pendentes entre a organização aliada e Ancara – principalmente no que tem a ver com a sua pulsão expansionista nos Balcãs e com os desentendimento com a Grécia (igualmente membro da NATO) no Mediterrâneo Oriental.

Por outro lado, a Rússia – que contesta com grande veemência a aproximação da NATO tanto à Ucrânia como a qualquer outra ex-república soviética – mantém com a Turquia uma relação que é considerada dúbia por muitos observadores, dado que evolui num quadro estratégico que não é totalmente claro. Os dois países opõem-se em vários palcos, mas convergem noutros – sendo certo que nas mais diversas circunstâncias a agenda comum não é coincidente com a da NATO.

Os analistas que mostram reserva face aos entendimentos entre Kiev e Ancara preferiam que o desenvolvimento militar e de defesa da Ucrânia fosse acompanhado de perto por um país europeu que não a Turquia. Mas Kiev sabe que, se tomasse essa opção, veria Moscovo contestá-la.

De qualquer modo, Samus disse que “a Ucrânia quer ser um país da NATO. Portanto, a cooperação com a Turquia é de extrema importância para que a Ucrânia traga o seu exército até ao sistema padrão da organização”.

Samus enfatizou que os países da União Europeia, exceto a República Checa, Polónia, Roménia e países bálticos, não estão dispostos a cooperar ou realizar transferência de tecnologia com a Ucrânia devido aos seus princípios, ressaltando que foi aqui que a Turquia entrou em cena e disponibilizou cooperação baseada em benefícios mútuos.

Além disso, as armas turcas já deram mostras de grande qualidade, nomeadamente as que foram utilizadas pelo Azerbaijão no mais recente conflito em Nagorno-Karabakh.

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