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UE/Cimeira: Governo decide com oposição se pede alívio de regras do défice e empréstimos para defesa

“Nós estamos neste momento ainda a avaliar e, portanto, está tudo em aberto. Qualquer decisão que seja tomada ainda antes da realização das eleições [antecipadas, marcadas para 18 de maio] será naturalmente consensualizada” com a oposição, declarou Luís Montenegro, falando à margem de uma reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas.
Luis Montenegro, President of the Social Democratic Party, the main opposition in Portugal, gestures during an interview with Reuters, in Lisbon, Portugal, December 5, 2023. REUTERS/Pedro Nunes/ File Photo
20 Março 2025, 21h00

O primeiro-ministro disse hoje que o Governo está a avaliar se vai pedir o alívio das apertadas regras orçamentais da União Europeia para investir em defesa e novos empréstimos para o setor, garantindo decisão consensualizada com a oposição.

“Nós estamos neste momento ainda a avaliar e, portanto, está tudo em aberto. Qualquer decisão que seja tomada ainda antes da realização das eleições [antecipadas, marcadas para 18 de maio] será naturalmente consensualizada” com a oposição, declarou Luís Montenegro, falando à margem de uma reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas.

“Aquelas [medidas] que forem tomadas a seguir são tomadas pelos próximos responsáveis, que, no caso, é a nossa convicção, serão os mesmos”, acrescentou.

O chefe de Governo falava sobre a possibilidade de recorrer a um instrumento europeu de 150 mil milhões de euros para empréstimos a condições favoráveis ou de pedir à Comissão Europeia um alívio das apertadas regras orçamentais da UE para investimento em defesa sem incorrer em incumprimento.

“Nós estamos a estudar as possibilidades de financiamento e também as opções de reforço do investimento na defesa. Eu já tive a ocasião de dizer que nós não queremos gastar por gastar”, adiantou.

Numa altura em que a Comissão Europeia afasta por agora uma nova emissão de dívida conjunta na UE para arrecadar subvenções para investimentos em defesa, da qual os países do sul saíram a perder por os do norte serem os principais beneficiários, Luís Montenegro indicou ainda “não partilhar” deste receio.

“Já tive a ocasião de defender, em Conselhos anteriores, precisamente esse como um dos caminhos possíveis”, concluiu.

Nesta reunião do Conselho Europeu, os líderes debatem as próximas medidas a adotar em matéria de defesa, nomeadamente após a Comissão Europeia ter proposto um plano de rearmamento no valor de 800 mil milhões de euros e apresentado um livro branco com medidas a serem adotadas até 2030, numa altura em que a UE acelera os esforços para reforçar as suas capacidades militares face aos desafios imediatos e futuros.

A Comissão Europeia já pediu que os Estados-membros da UE ativem a cláusula de salvaguarda nacional até abril e adotem rapidamente o regulamento relativo ao reforço do armamento e do fabrico europeus.

Na prática, com a ativação desta cláusula de salvaguarda nacional, os Estados-membros podem investir (de forma voluntária) mais em defesa sem essas despesas contarem para o saldo orçamental, o que evita procedimentos por défice excessivo (PDE).

Esta é uma das medidas do plano de 800 mil milhões de euros para defesa na UE, apresentado no início do mês e que o executivo comunitário quer já em marcha, que inclui esta ativação da cláusula de salvaguarda nacional (para aumento da despesa pública com defesa num acréscimo máximo de 1,5% do PIB por ano, que resultará em 650 mil milhões de euros para quatro anos) e um novo instrumento europeu voluntário de crédito para circunstâncias extraordinárias (num total de 150 mil milhões de euros, semelhante ao de empréstimos a condições favoráveis criado durante a covid-19 para evitar o desemprego).

Estima-se que a UE possa ter de gastar 250 mil milhões de euros por ano, o equivalente a 3,5% do seu PIB, para a sua segurança num contexto de tensões geopolíticas como a guerra da Ucrânia causada pela invasão russa.

Atualmente, o bloco comunitário no seu conjunto aloca cerca de 1,9% do seu PIB a gastos com defesa e Portugal está abaixo desse valor (1,55% do PIB).

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