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UE deve “tirar consequências” de recusa de “diálogo construtivo” de Moscovo

“As autoridades russas não quiseram aproveitar a oportunidade de ter um diálogo mais construtivo com a União Europeia. Isto é lamentável e teremos de tirar as consequências (…) Caberá aos estados-membros decidir sobre os próximos passos, e sim, estes poderão incluir sanções”, disse Josep Borrell.
7 Fevereiro 2021, 20h54

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, manifestou-se hoje muito preocupado com a recusa das autoridades russas de um diálogo “mais construtivo” com a União Europeia (UE) e apelou aos líderes europeus para “tirarem consequências”, admitindo sanções.

“As autoridades russas não quiseram aproveitar a oportunidade de ter um diálogo mais construtivo com a União Europeia. Isto é lamentável e teremos de tirar as consequências (…) Caberá aos estados-membros decidir sobre os próximos passos, e sim, estes poderão incluir sanções”, disse Josep Borrell, que hoje regressou de uma deslocação oficial a Moscovo, numa mensagem publicada na sua conta do Twitter.

Os ministros dos negócios estrangeiros da UE deverão reunir-se a 22 de fevereiro para tirarem conclusões da missão de três dias de Josep Borrell a Moscovo, que hoje terminou, e decidir sobre o seguimento a dar à recusa do Kremlin em aceitar as exigências dos líderes europeus de libertar o opositor Alexei Navalny e à expulsão de três diplomatas da UE poucas horas após o seu encontro com o chefe de diplomacia russa, Sergei Lavrov.

A decisão de impor sanções deve ser tomada por unanimidade sob proposta dos Estados-membros. O chefe da diplomacia da UE pode apenas fazer recomendações.

“Regressei a Bruxelas com profundas preocupações acerca das perspetivas de desenvolvimento da sociedade russa e das escolhas geoestratégicas da Rússia”, escreveu o Alto Representante da União Europeia para a Política Externa.

“O meu encontro com o ministro Lavrov e as mensagens enviadas pelas autoridades russas durante esta visita confirmaram que a Europa e a Rússia estão à deriva. Parece que a Rússia se está a desligar gradualmente da Europa e considera os valores democráticos como uma ameaça existencial”, argumentou.

Josep Borrell justificou a sua missão com a necessidade de “encontrar outros nos seus próprios países, precisamente quando ocorrem acontecimentos negativos, para permitir avaliar melhor as situações que enfrentamos e as medidas que devemos tomar”.

“Prefiro isto a ser reativo e esperar que as coisas aconteçam. Se queremos um mundo mais seguro para amanhã, temos de agir hoje com determinação e estar preparados para assumir riscos”, conclui.

A Europa criticou veementemente a decisão de um tribunal russo, de condenar a três anos de prisão do opositor e militante anticorrupção russo Alexeï Navalny, de 44 anos, e também a repressão contra os manifestantes pro-Navalny que deu origem à prisão de mais de 10.000 pessoas nas últimas semanas.

No entanto, apesar da indignação suscitada pela detenção de Navalny, a visita do Alto Representante da União Europeia para a Política Externa dividiu os estados-membros da União Europeia.

Moscovo anunciou a expulsão de um diplomata polaco, um alemão e um sueco, apenas algumas horas após o encontro de Borrell com o seu homólogo russo, Sergei Lavrov, para falar sobre as relações bilaterais.

A Rússia acusou os diplomatas de terem participado nos ajuntamentos ilegais de 23 de janeiro para apoio a Alexeï Navalny, mas a União Europeia negou todas as acusações.

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE) disse que irá dar conta do balanço da sua visita aos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 países membros a 22 de fevereiro, e que os dirigentes europeus irão discutir as relações tensas com Moscovo numa cimeira em março.

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