A União Europeia decidiu já esta quarta-feira impor uma nova ronda de sanções contra a Rússia, apesar da pressão de Donald Trump para a realização de negociações sobre o destino da Ucrânia. Aquilo que parece ser uma ‘vingança’ por a União Europeia não fazer parte da ronda de negociações entre Rússia e Estados Unidos, surge claramente à revelia das vontade de Donald Trump, presidente dos EUA, de promover um entendimento com o seu homólogo Vladimir Putin, com vista à realização de uma comeira entre ambos para decidir o futuro da Ucrânia.
O secretário de Estado de Trump, Marco Rubio, sugeriu que a Europa acabaria por ser chamada à mesa das negociações para discutir o alívio das sanções ao Kremlin – mas isso não aconteceu, e a União decidiu avança para novas sanções. “Há outras partes que assumiram sanções, a União Europeia vai ter de se sentar à mesa a dada altura, porque também há sanções que foram impostas pelo bloco”, disse Rubio na terça-feira, depois de se encontrar com o seu homólogo russo, Sergey Lavrov, na Arábia Saudita.
Rubio sublinhou que terão de ser feitas concessões de “todos os lados”, mas a União parece ter decidido não esperar pelo convite e optou por um claro ‘murro na mesa’ das negociações onde não está. O bloco está assim empenhado em manter a sua política punitiva – pelo menos por enquanto.
O acordo desta quarta-feira entre os embaixadores foi deliberadamente programado para chegar na véspera do terceiro aniversário da invasão russa da Ucrânia, que o Colégio de Comissários deverá assinalar com uma visita conjunta a Kiev, avança a agência Euronews. Este é o 16.º pacote de restrições desde fevereiro de 2022.
As novas sanções introduzem uma proibição das importações de alumínio primário russo, ideia que foi debatida no passado, mas nunca aprovada devido à reticência de alguns Estados-membros, preocupados com o impacto económico da medida nos seus mercados internos. O alumínio bruto russo representa cerca de 6% das importações daquele da UE, uma percentagem que tem vindo a diminuir nos últimos anos à medida que os fabricantes europeus se afastam dos fornecedores russos. A UE já tinha proibido certos produtos de alumínio provenientes da Rússia, como cabos, tubos e canos, embora estes representassem apenas uma fração das compras. Agora, a proibição é alargada ao alumínio primário, que é vendido sob a forma de lingotes, placas e biletes e que representa a maior parte do valor importado, detalha a mesma fonte.
Para além do metal bruto, o último pacote de sanções alarga a lista negra contra os petroleiros pertencentes à ‘frota sombra’ da Rússia, que o Kremlin utilizou para contornar as restrições ocidentais ao comércio de petróleo e manter uma fonte de receitas que é crucial para financiar a guerra contra a Ucrânia. E que, refira-se, apesar de ser denominada ‘sombria’, é um ‘comboio’ que todos conhecem. A frota é constituída por navios velhos e sem seguro, suspeitos de práticas enganosas, incluindo a transmissão de dados falsificados, a desativação dos seus sistemas para se tornarem invisíveis e a realização de múltiplas transferências de navio para navio para ocultar a origem dos seus barris de petróleo.
A China e a Índia são atualmente os principais compradores do petróleo russo, que é frequentemente refinado no seu território e vendido de novo no mercado da UE com um rótulo diferente.
Segundo os diplomatas, o novo conjunto de sanções da UE coloca na lista negra 73 navios suspeitos de fazerem parte desta frota, operada, segundo estimativas, por cerca de 600 navios – dos quais 153 são agora alvo das sanções. A todos eles é negado o acesso aos portos e serviços da UE.
As novas sanções expulsam 13 bancos russos do sistema eletrónico SWIFT e suspendem as licenças de radiodifusão de oito meios de comunicação social russos. Segundo a agência, a adoção formal está prevista para a próxima segunda-feira, quando os ministros dos Negócios Estrangeiros se reunirem em Bruxelas.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com