A última estátua em solo espanhol do ditador fascista Francisco Franco foi retirada. De acordo com a britânica “BBC”, a última estátua do general que governou Espanha durante 36 anos encontrava-se em Melilla e foi retirada após o enclave espanhol no Norte de África ter aprovado a sua remoção. O partido espanhol de extrema-direita Vox foi o único a opor-se.
A estátua fora colocada às portas da cidade autónoma espanhola, que se localiza na costa norte de Marrocos. A estátua do ‘Generalíssimo’ foi derrubada 14 anos depois da aprovação da Lei da Memória Histórica, que reconhece legalmente o sofrimento das vítimas do regime fascista espanhol liderado por Franco, um regime que ficou conhecido por franquismo.
Segundo a lei de 2007, os símbolos da ditadura têm de ser removidos. O processo da retirada dos símbolos do regime de Franco, que inclui outras estátuas de figuras associadas ao fascismo em Espanha, têm-se desenrolado de forma gradual.
O general Franco chegou ao poder em 1939, depois das forças que liderava terem vencido a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) com o apoio militar do regime nazi de Hitler e do regime fascista de Mussolini. Após a sua elevação como Chefe de Estado, ‘O Caudilho’, como ficou conhecido, implementou um regime ditatorial de natureza fascista. A ditadura de Franco durou até à sua morte, em 1975, ano em que se iniciou a transição democrática espanhola.
O franquismo marcou a História de Espanha no século XX, sobretudo, pelas mais de 30 mil mortes provocadas na Guerra Civil Espanhola, mas também pelo controlo e censura da comunicação social e pelo controlo autoritário do modo de vida da população espanhola
O general Franco foi sepultado no Vale dos Caídos, em Madrid, um imponente mausoléu construído por presos políticos durante o regime ditatorial. No mesmo local, estão os restos mortais de dezenas de milhares de vítimas da guerra civil. O local tornou-se numa zona de culto para a extrema-direita espanhola. E em 2019 esteve envolvido em polémica, após o Governo espanhol ter deliberado a transladação dos restos mortais do ditador para um local mais discreto.
Remoção de estátuas e símbolos históricos polémicos são tema em Portugal
O derrube da última estátua de Franco ocorre numa altura em que, em Portugal, a remoção de estátuas e de símbolos históricos, associados quer à ditadura fascista de Salazar quer ao antigo império português são tema de debate. A polémica estalou quando o Parlamento aprovou um voto de pesar pela morte do tenente-coronel Marcelino da Mata, uma figura controversa da Guerra Colonial Portuguesa e do pós-25 de Abril. Marcelino da Mata destacou-se na guerra pela sua participação em operações secretas, levadas a cabo pelos Comandos, tornando-se no militar mais condecorado ainda antes do 25 de Abril.
O voto de pesar a Marcelino da Mata contou com a oposição de três deputados do PS, destacando-se Ascenso Simões que, num artigo publicado no jornal “Público”, defendeu que “o país esquece rápido o seu passado”. Nesse sentido, o socialista defendeu que o Padrão dos Descobrimentos “devia ter sido destruído” e que no 25 de Abril “devia ter havido sangue, devia ter havido mortos”.
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