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Ultraricos guardam barras de ouro em Singapura

O depósito de metais preciosos neste país registou um aumento de 88% em comparação com o mesmo período do ano passado. Visto como a “Genebra do Oriente”, Singapura tem a reputação de ser uma jurisdição segura, com estabilidade política e económica.
29 Maio 2025, 07h00

Próximo do aeroporto de Singapura, existe um edifício de seis andares chamado “The Reserve”. Atrás das portas de aço estão armazenadas barras de ouro e prata no valor aproximado de 1,5 mil milhões de dólares (1,32 mil milhões de euros). O local conta com inúmeros cofres privados e, desde o início de abril, o depósito de metais preciosos registou um aumento de 88% em comparação com o mesmo período de 2024.

A “The Reserve”, que também vende barras de ouro e prata, viu as vendas dispararem 200% face ao ano passado. “Singapura é vista como a ‘Genebra do Oriente’. Tem a reputação de ser uma jurisdição segura, com estabilidade política e económica”, diz Nicky Shiels, da MKS Pamp, uma consultora especializada em metais preciosos, ao canal CNBC. “Muitos clientes de elevado património estão atentos às tarifas, às tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, à volatilidade dos mercados bolsistas e ao potencial de instabilidades geopolíticas. Cerca de 90% dos novos pedidos vêm de fora de Singapura”, acrescentou Gregor Gregersen, fundador da “The Reserve”.

Este país do sudeste asiático destaca-se como um importante hub, facilitando o armazenamento e a retirada de ouro. Jeremy Savory, da consultora financeira Millionaire Migrant, exemplificou que a burocracia em Dubai pode ser um fator limitativo, tornando Singapura numa escolha mais atraente.

A valorização do ouro tem sido meteórica nos últimos meses. O preço deste metal precioso deverá manter-se nos três mil dólares por onça em 2025 e 2026, e começar a cair a partir de 2027. Este é o consenso dos analistas numa análise publicada pela “Morningstar DBRS”. Antes da atual subida, os preços do ouro estagnaram durante muitos anos entre 2016 e meados de 2019, com os preços a rondarem os 1.250 euros por onça.

Segundo Gregersen, os ricos estão cada vez mais a optar por barras de ouro físicas, pois permitem possuir um ativo que mantém o seu valor ao longo do tempo e que é visto como uma forma eficaz de proteção contra a inflação e o risco cambial. De acordo com os analistas, a crise do Silicon Valley Bank, nos Estados Unidos, em 2023, reforçou a preferência dos investidores por ativos físicos seguros, em vez de estarem sujeitos às flutuações do mercado financeiro.

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