A economia global vai continuar a crescer em 2019, mas o ritmo deverá abrandar dos 3,3% que estimamos para o corrente ano para 2,9%. Esta previsão fica ligeiramente abaixo do consenso (3,1%) e reflete a nossa perspetiva menos otimista para os EUA, resultante dos aumentos de taxas de juro e da guerra comercial com a China.
Esta disputa no comércio internacional irá refrear o crescimento da zona Euro, pelo que também aqui apontamos para um abrandamento: 1,6% face aos 1,9% esperados este ano. No Reino Unido, muito está dependente do Brexit: assumindo uma saída limpa, o crescimento poderá melhorar para 1,4%.
No Japão, as alterações devem ser poucas, com o PIB a crescer em torno de 1% e um início de ano mais robusto, ancorado na reconstrução das zonas afetadas por cheias, sismos e tufões.
Nos mercados emergentes, os cenários são mais heterogéneos: a Ásia deve ser penalizada pelas barreiras comerciais e pelo decréscimo de procura no setor tecnológico: em resultado, a economia chinesa continuará a abrandar, dos 6,6% para 6,2%. Na América Latina, alguns focos de melhoria podem surpreender: o Brasil, por exemplo, parece revelar sinais de fortalecimento económico.
Inflação e taxas de juro a subir
A inflação crescente nos mercados emergentes – com a fraqueza das moedas a empurrar o preço das importações – deverá levar ao aumento da inflação a nível global, para os 2,9%, isto apesar do arrefecimento da atividade e da descida dos preços do petróleo.
Nas economias desenvolvidas, Japão e Reino Unido poderão ser exceções. Já nos EUA, a inflação deve manter-se alta, em torno dos 2,7% em 2019.
Ainda nos EUA, as taxas de juro deverão subir três vezes nos primeiros seis meses, para os 3%, mas tendo em conta a inflação e o abrandamento da atividade, é provável que esta seja a última subida num futuro próximo e poderemos ver até uma descida em 2020.
Na União Europeia, o programa de compra de ativos do BCE aproxima-se do fim (previsto para janeiro) e apesar do enfraquecimento económico, as taxas devem subir em setembro. Já no Reino Unido, estão previstos dois aumentos, embora tudo esteja dependente da saída da UE e do período de adaptação que se segue.
Dólar a descer
O aumento das taxas de juro nos EUA e o aperto das políticas monetárias nos restantes desenvolvidos devem pressionar a descida do dólar em 2019. Embora o diferencial de taxas entre os EUA e o resto do mundo continue a favorecer o dólar, os mercados cambiais estarão já a considerar este efeito e devem focar-se ainda mais nos aumentos orçamentais e do défice norte-americanos, pressionando a descida do dólar.
Para os mercados emergentes e apesar das consequências da guerra comercial, este movimento do dólar pode ser uma lufada de ar fresco, reduzindo parte das pressões que os afetaram em 2018 e facilitando alguma recuperação dos ativos.
Na União Europeia, um euro mais forte face ao dólar implica condições financeiras mais severas, ao que se junta o impacto global de um crescimento norte-americano mais modesto. Perante este cenário, o BCE não terá grande margem para avançar com mais aumentos de taxas de juro e poderá ficar preso num ciclo de taxas baixas e de poucas soluções para contrariar o abrandamento.
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