O designer alemão Karl Lagerfeld, desaparecido faz precisamente hoje um ano, deixou uma empresa que continua a levar o seu nome e onde estão agregadas as vendas daquilo que o estilista nascido em Hamburgo em 1933 e considerado um dos mais criativos de sempre, produzia até pouco antes de desaparecer.
Como sucede em tantos outros casos, o desaparecimento de alguém parece ter a estranha capacidade de induzir o aumento do seu reconhecimento. Com Lagerfeld aconteceu isso mesmo: a empresa atingiu no final de 2019 uma faturação de 700 milhões de euros, mais 54% que no ano anterior.
E o impulso não é para parar: em 2020, a empresa espera fechar com um aumento de 30% e aproximar-se da barreira dos mil milhões. “Nos próximos dois anos, a empresa deve alcançar vendas de mil milhões de euros”, disse Pier Paolo Righi, CEO da Karl Lagerfeld nos últimos nove anos, citado pelo jornal Women’s Wear Daily.
Mas não será para já: como vai acontecendo um pouco por todo o lado, o presidente executivo da empresa reconhece que os próximos meses serão afetados pelo surto de coronavírus oriundo da China. No caso da Karl Lagerfeld, o equinócio levantado pelo surto é ainda mais grave: levou à suspensão de um projeto de investimento na abertura de 25 novas lojas na China.
A empresa, que opera com uma rede comercial de 250 lojas em todo o mundo, espera, por outro lado, que o canal online ganhe novo impulso nos próximos meses, até como forma de substituição de consumo que vai ficando afetado pela propagação do coronavírus. No último exercício, as vendas da plataforma web do grupo, que respondem por 30% do total da faturação, registraram um crescimento de 80% – ainda sem o contributo do vírus.
Pier Paolo Righi disse que a principal divisão do grupo é neste momento a do calçado, com “um crescimento substancial” impulsionado pelos ténis. O prêt-à-porter, por outro lado, também cresceu nos últimos meses, superando as vendas de acessórios – sendo esse o verdadeiro lugar das produções de Karl Lagerfeld.
A maior parte dos negócios do grupo é realizada na Europa e no Oriente Médio, seguida pela América do Norte. A Ásia é outro dos principais mercados da empresa, principalmente a China, que está neste momento em ‘stand by’.
Karl Lagerfeld era, apesar da sua empresa, diretor criativo da Chanel, marc a onde estava desde 1983. Apesar de estar desde sempre ligado às grandes casa de Luxo, o designer alemão – que fez sempre por esconder a sua idade – também esteve ligado a outro tipo de projetos. Dois deles foram com a H&M e com a Diesel – marca para que desenhou uma linha denin.
Lagerfeld dedicou-se também à fotografia, tendo mesmo chegado a abrir, em 1998, a Lagerfeld Gallery, inteiramente dedicada àquela arte. Outra das predileções do designer eram as polémicas. São incontáveis aquelas em que esteve envolvido e não consta que fizesse muito para as evitar. Pelo contrário. Uma das que mais tinta fez correr, aconteceu em 1994, quando Lagerfeld usou um verso do Alcorão na sua coleção de alta-costura para a primavera (Chanel). Dessa vez, o designer viu-se obrigado a pedir desculpas públicas.
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