A Comissão Europeia revelou que a economia da UE passará por uma recessão mais profunda do que o inicialmente previsto. Esta revisão para pior poderá ajudar os países da UE a chegarem a um acordo acerca dos estímulos a implementar.

Dado que o levantamento das restrições relacionadas com a pandemia está a ocorrer a um ritmo mais gradual do que o previsto, a Comissão prevê agora uma contração recorde de 8,7%, face aos 7,7% da previsão de maio, indicando riscos “excecionalmente altos e principalmente negativos”. Para 2021, a recuperação foi revista em baixa de 6,3% para 6,1%. Relativamente a Portugal, a Comissão espera uma contração de 9.8% este ano, bem maior do que os 6.8% estimados anteriormente.

A volatilidade das previsões mostra que há muita incerteza e mais do que estimativas, parecem ser “guesstimates”. Mas não devemos dissociar este relatório, bem como o momento da sua publicação, do processo negocial que está em curso relativamente ao pacote de estímulos da União. Se tivesse surgido uma melhoria das projeções, seria ainda mais difícil chegar a um acordo entre todos os países da União. Deste modo, este pessimismo poderá vir a ser um agente facilitador do consenso.

O relatório não obriga a que Portugal altere as suas previsões no imediato, mas se houver “luz verde” por parte da UE, estes números irão provavelmente afastar o governo de tender para um maior equilíbrio orçamental. A oposição mais à esquerda – que na prática tem viabilizado até agora a governação – não admitirá sequer outro caminho.