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Um dos mais potentes gases com efeito de estufa está a aumentar na atmosfera, alertam cientistas

Os cientistas esperavam uma queda nos níveis de HFC-23 depois da Índia e a China se terem comprometido a interromper as emissões até 2017. Uma tonelada deste gás emitido para a atmosfera é equivalente a 12 mil toneladas de dióxido de carbono.
21 Janeiro 2020, 11h36

Os cientistas esperavam encontrar uma redução drástica nos níveis de hidrofluorcarbono HFC-23 na atmosfera depois de a Índia e a China, os dois principais emissores deste tipo de gases, terem relatado, em 2015, que até 2017 iriam eliminar quase completamente as emissões deste gás em cerca de 87%.

Mas, com base num artigo publicado na revista “Nature Communications” esta segunda-feira, em 2018, as concentrações deste gás não decresceram de todo. Na verdade, aumentaram a uma velocidade recorde, porque, apesar de ter poucas aplicações industriais, é libertado durante a produção de outro químico usado em sistemas de refrigeração em países como a China e a Índia.

Os HFCs foram considerados como a resposta para justificar o buraco na camada de ozono que apareceu na região da Antártica em 1980 dado que substituíam centenas de substâncias químicas amplamente usadas em aerossóis que esgotavam esta camada fina que protege a Terra dos raios nocivos do sol. Os cientistas esclarecem que uma tonelada de emissões de HFC-23 é equivalente à libertação de mais de 12 mil toneladas de dióxido de carbono.

“Este gás potente tem vindo a crescer rapidamente na atmosfera há décadas e os relatórios sugeriam que o aumento devia ter parado quase por completo num espaço de dois ou três anos. Isso teria sido uma grande vitória para o clima”, cita o jornal britânico “The Guardian” as declarações de Matt Rigby, da Universidade de Bristol, coautor do estudo.

A razão para o aumento das emissões globais não é clara e o aumento poderá ter implicações no Protocolo de Montreal, o acordo internacional que visa proteger a camada de ozono na estratosfera. Em 2016, os países aderentes a este protocolo fizeram uma emenda em que se aponta para a redução do impacto climático dos hidrofluorocarbonetos, comprometendo-se a destruir esse tipo de gases.

Kieran Stanley, principal autor do estudo, considera que, embora a China e a Índia ainda não estivessem vinculadas ao acordo, a sua redução relatada levaria-os a ser coerentes com ele: “O nosso estudo conclui que a China não tem tido sucesso em reduzir as emissões de HFC-23 como tinham relatado. Porém, sem medidas adicionais também não podemos garantir que a Índia tenha implementado o seu programa de redução de emissões”.

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