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Um dos responsáveis da TAP que surge no polémico vídeo de Madrid deixa empresa esta quarta-feira

João Falcato, responsável pelos recursos humanos da Engenharia e Manutenção, já tinha acordado deixar a companhia aérea, mas o vídeo de Madrid precipitou a sua saída. Já o outro responsável da TAP no vídeo, o diretor de Recursos Humanos, encontra-se sob a alçada de um processo de inquérito.
15 Junho 2021, 17h01

O diretor de recursos humanos da área de Engenharia e Manutenção da TAP vai sair da companhia aérea amanhã, quarta-feira, depois do polémico vídeo amador feito em Madrid onde comenta as sessões de recrutamento que estão a ser feitas na capital espanhola.

João Falcato já tinha feito um acordo de saída da companhia aérea em abril, mas foi lhe pedido para ficar mais dois meses para concluir vários dossiers que tinha em mãos.

A saída estava assim marcada para o final de junho, mas o episódio do vídeo em Madrid precipitou a sua saída da empresa em duas semanas, apurou o JE esta terça-feira, 15 de junho.

Questionada sobre esta antecipação da saída, fonte oficial da TAP rejeitou fazer comentários.

Dois dos responsáveis pelos recursos humanos na TAP, Pedro Ramos e João Falcato, surgem na ‘Plaza Mayor’ no centro de Madrid a relatar a sua experiência na contratação de pessoal para a TAP, segundo um vídeo a que o JE teve acesso.

Em relação a Pedro Ramos, o responsável máximo pelos Recursos Humanos da companhia, e a sua continuidade na companhia aérea, o JE sabe que a decisão será tomada em função do processo de inquérito que já foi aberto e que pode dar origem um processo disciplinar.

O ministro das Infraestruturas esclareceu hoje que a empresa está a contratar um responsável comercial para a área de carga em Espanha, depois da saída voluntária do anterior gestor.

O objetivo da empresa é substitui-lo “por alguém que conheça o mercado em concreto”, explicou Pedro Nuno Santos em Faro, em declarações transmitidas pela RTP3.

“O negócio de carga surge no plano de reestruturação como oferecendo uma boa rentabilidade e a TAP está a investir nesse negócio”, afirmou o ministro.

“Continuamos a encontrar gente de excelente qualidade”

“Estamos em Madrid eu e o meu colega e amigo, João Falcato. Já fizemos seleção de pessoas esta tarde”, começa por dizer Pedro Ramos, diretor de Recursos Humanos da companhia aérea, no polémico vídeo amador filmado em Madrid.

“E como é selecionar pessoas neste contexto pandémico?”, questiona Pedro Ramos.

“Estamos a fazer avaliações, [os entrevistados] são muito mais abertos, estão muito mais à procura de oportunidades. Continuamos a encontrar gente de excelente qualidade, que acham que isto já passou [pandemia]”, responde João Falcato.

“Gente que não estaria disponível e que está disponível no mercado fruto da pandemia. Esperamos trazer para a TAP. Vamos conseguir contratar. Vamos selecionar os melhores”, acrescenta João Falcato.

Depois da revelação do vídeo, a TAP anunciou hoje que vai abrir um processo de inquérito a estes dois responsáveis de recursos humanos que surgem em vídeo  a comentarem as contratações da companhia aérea em Espanha.

“Tendo tomado conhecimento de uma publicação nas redes sociais na qual intervêm, a título pessoal, dois trabalhadores da companhia, com responsabilidades na área dos recursos humanos e dado o momento que a TAP vive, em que a todos nós são pedidos sacrifícios, decidiu o conselho de administração abrir, de imediato, um processo de inquérito seguido dos procedimentos disciplinares aplicáveis a esta situação”, disse fonte oficial da TAP ao Jornal Económico.

A tutela de Pedro Nuno Santos criticou o vídeo de dois responsáveis de recursos humanos da TAP em que comentam as contratações em Espanha. “O Ministério das Infraestruturas e da Habitação está indignado com o vídeo que circula com dois trabalhadores da TAP com elevadas responsabilidades na companhia, sendo um deles o diretor de Recursos Humanos”, disse fonte oficial do ministério ao JE.

O Bloco de Esquerda já anunciou que vai questionar hoje o Governo sobre esta situação: “Não se pode aceitar um despedimento coletivo e depois anunciar recrutamentos com esta desfaçatez”, escreveu a deputada bloquista Isabel Pires nas redes sociais.

A TAP comunicou a 31 de maio que reduziu de 2.000 para 206 o número de trabalhadores que ainda têm de sair da empresa. Segundo a missiva interna citada pela Agência Lusa, as saídas tiveram lugar depois de implementados acordos de emergência e a adesão a medidas voluntárias.

A próxima ronda de rescisões voluntárias vai assim ficar-se nestes 206 trabalhadores. Se não aceitarem, a companhia aérea avança para o processo de despedimento coletivo em julho.

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